quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

GOLPE DO FALSO ALUGUEL



ZERO HORA 15 de janeiro de 2015 | N° 18043


CRISTIANE BAZILIO


Sonho de férias acaba na delegacia. GOLPE DO FALSO ALUGUEL é aplicado por dupla e faz dezenas de vítimas nos litorais de RS e SC



Desde outubro do ano passado, dois homens, que, segundo a polícia, são de Gravataí e Porto Alegre, aplicaram o golpe do falso aluguel pela internet e fizeram dezenas de vítimas no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Eles anunciam, em sites gratuitos, imóveis para locação que não existem ou não estão disponíveis para alugar. Negociam com as vítimas por telefone ou e-mail e exigem depósito antecipado como garantia.

Em Capão da Canoa, no Litoral Norte, Carlos Alberto da Silva, zelador de um prédio, relatou que, na véspera do Ano-Novo, diversas famílias se encontraram no saguão procurando o mesmo apartamento. Ele garante já terem passado por lá pelo menos 50 pessoas:

– Chegam de mala e cuia, com o carro cheio de bagagens, crianças, bichinhos de estimação, e pedem a chave do apartamento. Digo que não está para alugar, e a reação é sempre igual: desespero e raiva.

Segundo a titular da delegacia de Capão da Canoa, Valquíria Meder, as ocorrências são remetidas para a cidade de origem das vítimas, onde deverão ser investigadas. Ela não soube informar a quantidade. Em Santa Catarina, a titular da delegacia de Bombinhas, Luana Chaves Servi Backes, apura os 12 casos até agora registrados na sua delegacia.

A pulverização das ocorrências por delegacias em diversas cidades torna difícil quantificar e mensurar oficialmente a ação dos estelionatários. O Diário Gaúcho apurou a existência de, pelo menos, 20 casos registrados na Polícia Civil relacionados à mesma dupla de golpistas. Titular da 17ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, o delegado Hilton Müller avalia que “o ideal seria que a polícia concentrasse as investigações em uma delegacia especializada para melhor atender as vítimas”.




“Tu te sentes arrasada”


Depois de fazer uma pesquisa na internet, uma moradora de Viamão, que pediu para não ser identificada, encontrou o apartamento ideal em Capão da Canoa. Três quartos, piscina e toda a infraestrutura que ela e o marido sonharam para passar o Réveillon com o filho.

Assinou contrato e fechou negócio em outubro do ano passado. Tudo por telefone e por e-mail. Mas, desde que fez o depósito bancário, não conseguiu mais contatar o suposto proprietário do imóvel.

– Procurei o anúncio no site e não estava mais. Liguei mil vezes, e ele não atendeu. Fui no endereço que constava no contrato, e não existia. Percebi a falcatrua e fui até Capão. Lá, o zelador me disse que era um golpe – lembra a mulher.

Além dos R$ 750 que havia depositado para os criminosos, ela e o marido desembolsaram mais dinheiro para alugar outro imóvel, em outra praia.

– É uma sensação de impotência, tu te sentes arrasada. Planeja um Ano-Novo com a tua família e de repente tudo se perde, a emoção acaba, e tu não sabes o que fazer – afirma.

Para a família de uma diarista de Porto Alegre, o prejuízo foi ainda maior. Eles passariam uns dias em Bombinhas (SC) no final do ano, mas acabaram sendo lesados em R$ 1,4 mil.

– Não chegamos a ir até lá, porque meu filho e minha nora perceberam a armadilha antes de viajarmos – lembra a diarista.

O filho explica que, quando percebeu os sinais do golpe, já era tarde demais.

– A conta que ele passou para depósito era de um terceiro. Quando questionei, ele disse que o apartamento era dele e do cunhado. Depois, vimos que havia divergência na data escrita no contrato e na data que aparecia no selo da autenticação. Não tenho expectativa de reaver o dinheiro, mas sim, que esses caras sejam presos e que novos golpes sejam evitados – diz o rapaz.



Entenda o golpe como prevenir


-Nas páginas de imobiliárias locais, os golpistas pegam fotos de imóveis de alto padrão e anunciam em sites de ofertas gratuitos, com valor bem abaixo do mercado, em endereços inexistentes ou que não correspondem ao imóvel.

-As negociações são feitas sempre por telefone ou e-mail.

-Eles elaboram contrato e enviam por e-mail para as vítimas, que devem devolver preenchido com todos os seus dados.

-Para fechar o negócio, exigem depósito antecipado na metade do valor acordado. As vítimas são instruídas a retirar a chave do imóvel com o zelador do prédio ou em uma imobiliária. Feito o depósito, os criminosos desaparecem.

-Só negocie com imobiliárias reconhecidas. Se tratar diretamente com o proprietário, que seja indicado por alguém que você conheça e que já tenha alugado com essa pessoa.

-Evite alugar imóveis em sites gratuitos de ofertas. Nesses espaços, não é exigido cadastro minucioso que permita identificar e localizar o anunciante se necessário.

-Exija a matrícula de propriedade do imóvel atualizada.

-Peça a documentação pessoal de quem está alugando e compare com a da matrícula.

-Desconfie de imóveis de alto padrão que estejam com preços surpreendentemente acessíveis, em especial na alta temporada.

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