Lobista que extorquia dinheiro de empresários e políticos foi preso em BH - O GLOBO, 21/10/2011 às 20h48m; Thiago Herdy
BELO HORIZONTE - O lobista Nilton Antônio Monteiro foi preso em Belo Horizonte acusado de fraudar documentos e assinaturas para tentar extorquir empresários e políticos. Monteiro é apontado como um dos autores da chamada "lista de Furnas", documento que relacionava políticos de diferentes partidos que teriam recebido recursos da empresa estatal para a campanha eleitoral de 2002 e cuja autenticidade sempre foi questionada pelos citados.
O lobista foi preso na noite desta quinta-feira em Belo Horizonte. Segundo a polícia, se negou a prestar informações em depoimento na manhã desta sexta-feira, sob a alegação de que falaria apenas em juízo. A Polícia Civil cumpriu mandatos de busca e apreensão em sua casa, onde esperava apreender computadores e documentos supostamente relacionados às extorsões. Monteiro responderá por estelionato, falsificação de documentos e formação de quadrilha.
- Ele forjava documentos e assinaturas com confissões de dívidas de consultoria e depois entrava com processo na Justiça para cobrar os valores das vítimas - disse o chefe do Departamento Estadual de Operações Especiais da Polícia Civil mineira, o delegado Márcio Simões Nabak, que comanda a investigação.
Monteiro divulgou a lista de furnas em meio às investigações do valerioduto tucano, esquema de caixa dois na campanha à reeleição em 1998 do então governador Eduardo Azeredo (PSDB-MG). O tucano é um dos políticos que era extorquido pelo lobista, de acordo com a polícia mineira, em função de uma suposta dívida de R$ 650 mil.
Em documentos semelhantes, Monteiro cobrava valores de políticos como o atual secretário de Estado de MG Danilo de Castro, no valor de R$ 17,8 milhões; o antigo aliado e atualmente um dos seus principais desafetos, o ex-secretário de governo Cláudio Mourão (R$ 1,1 milhão); além de empresários e donos de veículos de comunicação.
Segundo a polícia civil, a atuação criminosa de Monteiro teria sido comprovada em função de uma suposta dívida de R$ 3 milhões com o advogado Carlos Felipe Amodeo, que ficou para seus herdeiros e está na Justiça. De acordo com os policiais, Amodeo estava internado na UTI de um hospital, com câncer terminal, na data em que teria assinado o documento da dívida com o lobista. A perícia técnica também teria atestado que o documento é falso.
À polícia, todas as vítimas negaram ter realizado negócios com Monteiro, apesar de ele ter trabalhado em campanhas eleitorais do PSDB mineiro. A conveniência de funcionários de cartórios em Minas, Rio de Janeiro e Espírito Santo é investigada pela polícia e pela corregedoria do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Uma pessoa foi presa no Espírito Santo e outra ainda era procurada na tarde desta sexta-feira.
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