terça-feira, 7 de abril de 2015

FRAUDE NA LAVOURA



ZERO HORA 07 de abril de 2015 | N° 18125


HUMBERTO TREZZI

Golpe com recursos do Pronaf terá pelo menos 10 indiciados


POLÍCIA FEDERAL CONCLUIU que dinheiro de empréstimos realizados por agricultores era desviado por associação de produtores. Estimativas apontam que movimentações chegam a R$ 79 milhões

O inquérito criminal que investiga fraudes em financiamentos do Programa Nacional de Desenvolvimento da Agricultura Familiar (Pronaf) no Estado, centradas no Vale do Rio Pardo, deve ter pelo menos 10 indiciados. A Polícia Federal concluiu que recursos desses empréstimos eram desviados por lideranças de uma associação de produtores rurais e teriam inclusive abastecido campanhas eleitorais.

Estimativas apontam que as movimentações irregulares chegaram a R$ 79 milhões e teriam atingido cerca de 6,3 mil agricultores. A checagem já localizou centenas de pessoas que podem ter sido vitimadas. A investigação, que começou em 2012, deve concluir os trabalhos este mês e apontará como envolvidos no golpe dirigentes da Associação Santa-cruzense de Pequenos Agricultores Camponeses (Aspac) e também funcionários graduados das agências do Banco do Brasil (BB) na região.

O inquérito é conduzido pelo delegado Luciano Flores de Lima, que evita comentar o caso. A amigos, ele tem dito que falta apenas um laudo pericial para concluir a investigação. É uma análise contábil requisitada ao BB, com movimentações nas contas dos suspeitos e das vítimas.

Dirigentes também cobravam taxas

Pelo menos três integrantes da Aspac, entidade ligada ao Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), devem ser responsabilizados por terem colocado nas contas da entidade recursos oriundos de financiamentos que foram contratados em nomes de agricultores filiados à associação. Dirigentes da Aspac também serão responsabilizados por cobrarem taxas dos agricultores em cima de cada financiamento intermediado junto ao BB. Alguns desses colonos, plantadores de fumo e milho, dizem que só descobriram os empréstimos feitos em seu nome anos depois de os contratos serem assinados.

Muitas vezes, o dinheiro do empréstimo era devolvido pela Aspac, quando o agricultor reclamava. Em vários casos havia demora. Os policiais vão mencionar no inquérito que algumas pessoas, desesperadas, teriam cometido suicídio quando descobriram débitos que juravam não ter contraído.

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