ZERO HORA 23 de março de 2015 | N° 18110
EDITORIAL
Por sua condição de maior programa habitacional brasileiro nos últimos anos e responsável por cerca de um terço do total de construções de moradias no país em 2013, era previsível que o programa Minha Casa Minha Vida acabasse se prestando para todo tipo de distorção. O que surpreende, como demonstrou reportagem publicada ontem por este jornal, é a extensão das deformações que vão desde comércio irregular de unidades e má qualidade do material utilizado nas construções até influência de políticos e do tráfico de drogas na definição dos contemplados. São questões que precisam ser enfrentadas de imediato e com rigor para evitar um desgaste irreparável nesse programa social tão relevante. O sonho da casa própria não pode se transformar num pesadelo para quem já assegurou um teto ou aguarda por ele, nem pode ser boicotado pela negligência de quem tem o dever de zelar pelo uso responsável de verbas públicas.
Um aspecto particularmente preocupante é que, nas estatísticas oficiais, os problemas registrados significam um percentual mínimo. Mesmo em número reduzido, porém, o fato é que as distorções se acumulam. Começam nas crescentes interferências na definição dos contemplados, o que tende a frustrar quem aguarda a oportunidade de garantir um teto de forma impessoal, e se estendem aos problemas estruturais enfrentados por alguns novos proprietários, incluindo vazamentos e infiltrações. Não faltam, também, casos de burla à ética e à legislação, com potencial para causar danos que podem se tornar irreversíveis, prejudicando a todos.
O país, hoje diante de um caso emblemático de corrupção na maior de suas empresas públicas, não pode consentir que também programas sociais tão importantes sejam deturpados. A questão é que, onde há dinheiro público envolvido e faltam controles, surge sempre margem para desvios. É o que ocorre com frequência com as verbas de Previdência Social, com as destinadas à merenda escolar e ao Bolsa Família, entre muitas outras, o que não pode ser admitido.
O poder público não pode tolerar que programas relevantes como o Minha Casa Minha Vida, bancados por todos os brasileiros, sejam desvirtuados nos seus propósitos. Os organismos de fiscalização precisam mostrar que estão mais vigilantes.
EDITORIAL
Por sua condição de maior programa habitacional brasileiro nos últimos anos e responsável por cerca de um terço do total de construções de moradias no país em 2013, era previsível que o programa Minha Casa Minha Vida acabasse se prestando para todo tipo de distorção. O que surpreende, como demonstrou reportagem publicada ontem por este jornal, é a extensão das deformações que vão desde comércio irregular de unidades e má qualidade do material utilizado nas construções até influência de políticos e do tráfico de drogas na definição dos contemplados. São questões que precisam ser enfrentadas de imediato e com rigor para evitar um desgaste irreparável nesse programa social tão relevante. O sonho da casa própria não pode se transformar num pesadelo para quem já assegurou um teto ou aguarda por ele, nem pode ser boicotado pela negligência de quem tem o dever de zelar pelo uso responsável de verbas públicas.
Um aspecto particularmente preocupante é que, nas estatísticas oficiais, os problemas registrados significam um percentual mínimo. Mesmo em número reduzido, porém, o fato é que as distorções se acumulam. Começam nas crescentes interferências na definição dos contemplados, o que tende a frustrar quem aguarda a oportunidade de garantir um teto de forma impessoal, e se estendem aos problemas estruturais enfrentados por alguns novos proprietários, incluindo vazamentos e infiltrações. Não faltam, também, casos de burla à ética e à legislação, com potencial para causar danos que podem se tornar irreversíveis, prejudicando a todos.
O país, hoje diante de um caso emblemático de corrupção na maior de suas empresas públicas, não pode consentir que também programas sociais tão importantes sejam deturpados. A questão é que, onde há dinheiro público envolvido e faltam controles, surge sempre margem para desvios. É o que ocorre com frequência com as verbas de Previdência Social, com as destinadas à merenda escolar e ao Bolsa Família, entre muitas outras, o que não pode ser admitido.
O poder público não pode tolerar que programas relevantes como o Minha Casa Minha Vida, bancados por todos os brasileiros, sejam desvirtuados nos seus propósitos. Os organismos de fiscalização precisam mostrar que estão mais vigilantes.
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