segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

TIRANDO DINHEIRO DE MULHERES APAIXONADAS PELO PARCEIRO VIRTUAL

G1 FANTÁSTICO - Edição do dia 07/12/2014

Golpistas usam internet para tirar dinheiro de mulheres apaixonadas. Quadrilha usa sites de relacionamento para extorquir dinheiro de mulheres. Uma das vítimas chegou a mandar R$ 102 mil para o farsante.






Um alerta às mulheres que procuram um parceiro na internet. Por trás de promessas de amor e declarações apaixonadas, pode estar um golpista querendo dinheiro fácil.

Mulheres bem-sucedidas, profissionais respeitadas, inteligentes, e com mais uma coisa em comum: caíram no golpe do estrangeiro apaixonado.

“Eu vi uma foto de um homem que deixou uma mensagem em português. E eu achei interessante. Se identificou sendo de Londres. Ele me achou uma pessoa muito bonita. Ele também era bonito, atraente. Começamos a nos relacionar como se estivéssemos namorando mesmo”, conta uma das vítimas.

Essas duas psicólogas, vítimas do golpe, não querem se identificar. Têm vergonha de terem sido enganadas. Mas os golpistas são envolventes.

Nós vamos chamá-las, nesta reportagem, de Ana e Marina - dois nomes fictícios.

“Chegava aquela hora, eu já ligava o computador e ele já estava me esperando, dizendo: ‘Minha querida, meu anjo, que saudade de você, você é a mulher da minha vida, não vejo a hora de te conhecer pessoalmente’”, relata Ana.

“O perfil dessas pessoas que acabam se envolvendo pela internet já vem desse perfil de pessoas que desejam e que têm essa vontade de ter esses relacionamentos onde nada é imperfeito”, afirma a psicóloga Andrea Jotta.

“Ele colocava a filha dele também para falar comigo pelo telefone. Alguma criança que ele dizia que era filha”, lembra Ana.

Marina: Conversei duas vezes com a menina. Ela perguntou se ia ser minha filha.
Fantástico: Isso te tocou, né?
Marina: Isso me tocou. Possibilidade de ter uma filha, me tocou, sim. Ele soube envolver.

Por trás do tal inglês apaixonado, está uma quadrilha especializada em extorquir dinheiro de mulheres. Para se comunicar em português, eles usam a ferramenta de tradução da própria internet. Depois que percebem que a vítima está envolvida, inventam uma história qualquer para pedir um adiantamento e prometem vir ao Brasil e devolver o dinheiro.

“Ele me contou que ele tinha uma herança para receber do pai dele, mas a condição é que ele fosse casado. Ele me pediu em casamento e aí começou a processo”, explica Marina.

Ana: Aí, eu fiz...
Fantástico: Você fez a primeira remessa?
Ana: Fiz a primeira remessa de US$ 1 mil que ele havia me pedido. Eu mandei mais uma remessa de 4 mil e poucos dólares para ele e para filha dele. Aí, no dia seguinte, ele falou: ‘Olha, eu preciso de mais dinheiro’. Então, acabei mandando mais uma remessa de US$ 3,8 mil. Eu sei que, no total, foram US$ 11,4 mil.

Fantástico: Quanto você transferiu no total?
Marina: Em torno de R$ 102 mil.

“Algumas de certa forma acabam pagando ou entregando por medo ou receio de que aquele ser do outro lado, de repente, desapareça. Existe uma lacuna aí nesse emocional que não quer acreditar que aquilo vai deixar de existir”, comenta a psicóloga Andrea Jotta.

No interior de São Paulo, Luiza - que também usa nome fictício - foi procurada por um golpista, mas desconfiou.

“Eu percebi na rede social que ele buscava mulheres maduras e não jovenzinhas. Então, eu já liguei os fatos”, explica Luiza.

Ela pediu ajuda a um especialista em segurança na internet.

Os dois prepararam uma armadilha para o golpista: ele teria que dar o endereço de um e-mail para ser rastreado, mas o falso pretendente não caiu e perguntou se ela queria levá-lo à polícia.

Fantástico: Quantos casos desse tipo você já teve em mãos? De mulheres que sofrem esse tipo de extorsão?
Wanderson Castilho (perito em segurança digital): Já tive mais de 200 casos. Eles têm muito conhecimento tecnológico e têm muito conhecimento também sobre a relação humana. E aí ele consegue criar esse elo sentimental. Deixa a vítima cega e eles pedem tudo o que eles querem.

“Manda flores, manda presentes. Qual mulher que não gosta de ganhar flores ou presentes?”, argumenta Luiza.

Fantástico: De onde são essas quadrilhas?
Wanderson Castilho: Existem várias quadrilhas espalhadas pelo mundo, mas as mais focadas estão na África. Nigéria especificamente. Esse e-mail aqui partiu dos suspeitos para uma vítima. Se dizia ser de Londres. O que a gente vai fazer agora é rastrear este e-mail. O e-mail dizia sair de Londres. Na verdade está saindo da Nigéria, Lagos. Aqui é a localização da onde saiu esse e-mail verdadeiramente.
Fantástico: Adianta procurar a polícia num caso desses?
Wanderson Castilho: Desconheço qualquer autoridade que conseguiu fazer um tipo de prisão disso aqui.

Para não cair no golpe, é preciso estar atenta a algumas dicas:
- Identifique de onde partiu o convite de amizade, se ele conhece alguém na sua rede social.
- Desconfie de quem não quer aparecer na câmera nem falar ao telefone.
- Guarde todas as mensagens e releia com atenção o histórico em busca de alguma mentira ou contradição.

Fantástico: Quer dizer, afetou sua vida afetiva, emocional, tudo...
Ana: Uhum
Fantástico: Financeira...
Ana: Financeira, emocional...
Fantástico: Profissional, tudo...
Ana: Profissional. Todos os meses eu pago essa dívida, porque os juros bancários são muito altos.

“Eu não acreditava que um ser humano chegar a esse ponto, de te envolver a esse ponto, de mexer com os seus sonhos. Então, eu fiquei muito mal”, diz Marina.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

LEITE COM ÁGUA E SAL

ZERO HORA  03/12/2014


Operação Leite Compen$ado tenta prender 17 suspeitos após descobrir adulteração com água e sal. Promotores e policiais cumprem 17 mandados de prisão em seis municípios gaúchos

por Caio Cigana



Adulteração desta vez consistia na adição de água para ganhar em volume e sal para disfarçar a diluição Foto: Diogo Zanatta / Especial


A ganância dos fraudadores parece não ter fim no Rio Grande do Sul. Mesmo após seis fases da Operação Leite Compen$ado que desde o ano passado já levaram 20 pessoas à cadeia, uma nova adulteração foi descoberta e é alvo mais uma operação do Ministério Público Estadual (MPE) na manhã desta quarta-feira no norte do Estado.

Estão sendo cumpridos 17 mandados de prisão e outros 17 de busca e apreensão em seis municípios gaúchos — Erechim, Jacutinga, Maximiliano de Almeida, Gaurama, Viadutos e Machadinho. Até as 11h, sete pessoas estavam detidas e duas foragidas.

Conforme o MPE, estão envolvidos criadores, transportadores, responsáveis por postos de resfriamento, laboratoristas e motoristas de caminhões. Segundo o promotor Mauro Rockenbach, responsável pelas investigações na esfera criminal, a fraude desta vez consistia na adição de água para ganhar em volume e sal para disfarçar a diluição.

— A fraude era para ganhar em volume e diminuía o valor nutricional do leite — explicou Rockenbach.

Em regra, era adicionado ao leite mais 10% do volume equivalente em água. Em alguns casos, porém, a proporção chegava a 40%. Ainda não há informação de quais marcas teriam recebido o produto adulterado e para onde esses lotes teriam sido encaminhados.


O esquema, segundo o MPE, teria início com produtores de Viadutos, Machadinho e Maximiliano de Almeida, que colocavam água no alimento. Depois, o leite seria coletado pela empresa Transportes Rafinha, que tem como sócios Walter Roberto Krukowski e Paulo César Bernstein. A dupla também seria responsável por dirigir os caminhões, assim como os funcionários da empresa Divonir Longo Rambo, Sidmar Ribeiro Rodrigues, Indionei Eliezer de Souza, Genoir Roque Hojnowski, Paulo César Ruhmke e Matheus Alberto Burggraf. O ganho com a fraude seria dividido entre produtores, empresários e motoristas.

Na etapa seguinte, o leite chegaria nos postos de resfriamento Rempel & Coghetto Ltda, em Jacutinga e, outro da Cooperativa Tritícola Erechim Ltda (Cotrel), em Erechim. Segundo o MP, o proprietário do posto de Jacutinga, Amauri Rempel, fazia parte do esquema, assim como as laboratoristas Andresa Segatt e Elizete Marli Bessegato. Arino Adalberto Adami, responsável pelo poço de resfriamento da Cotrel, e Angelo Antonio Paraboni Filho, diretor da Cotrel, também faziam parte do esquema.


Por causa da suspeita de terem recebido o produto adulterado sem informar ao Ministério da Agricultura (Mapa), os responsáveis pelas empresas tiveram as prisões preventivas decretadas. O papel das laboratoristas era alterar ou omitir dados nas planilhas de análise do leite depois levadas ao Mapa. Mesmo assim, 62 laudos do ministério detectaram a adulteração.​

Contrapontos

Cotrel
"Estamos nos inteirando dos fatos. A cooperativa entende que vem cumprindo a legislação e fazendo todos os testes e análises necessários. Vamos analisar as provas que estiverem nos autos".
Nasser Khalaf, advogado da Cotrel

Zero Hora está tentando contato com outras empresas envolvidas na operação.

* Zero Hora









sábado, 29 de novembro de 2014

QUADRILHA DOS VESTIBULARES

REVISTA ISTO É N° Edição: 2349 | 28.Nov.14


Como agia e como vivia o bando especializado em fraudar provas de universidades, que usava tecnologia sofisticada para burlar a fiscalização e cobrava até R$ 200 mil pelo gabarito. Criminoso chegava a gastar R$ 4 mil em noitada


Raul Montenegro




Era um domingo chuvoso e abafado em Belo Horizonte no dia 23 de novembro, quando 3.638 pessoas prestavam o vestibular da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais. A data era decisiva para os candidatos ao concorrido curso de medicina – exceto para 22 postulantes, que pensavam estar com a vaga garantida. Eles tinham desembolsado entre R$ 70 mil e R$ 200 mil pelas respostas do teste, que seriam repassadas por uma quadrilha especializada em fraudar provas de universidades, entre elas o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O grupo atuava há 20 anos em diversos Estados do País. O que os vestibulandos trapaceiros e os bandidos não desconfiavam é que a Polícia Civil do Estado já estava a par do esquema e monitorava os passos do bando. Com a anuência da instituição de ensino, 40 policiais foram paramentados e infiltrados como fiscais, para acompanhar os envolvidos. Outros 30 homens monitoravam os arredores, numa operação batizada de Hemostase II, que envolveu também o Ministério Público mineiro. “Desbaratamos aquela que, pelo nível de sofisticação, acredito ser uma das maiores quadrilhas do ramo no Brasil”, diz o delegado Jeferson Botelho, superintendente de Investigações e Polícia Judiciária de Minas Gerais.


FIM DA LINHA
Integrantes de grupo que fraudou exames de admissão de várias faculdades
e o Enem são presos em Belo Horizonte no domingo 23



As autoridades investigavam o grupo há sete meses e já conheciam o modo de atuação dos criminosos. Eles conseguiam as respostas durante a realização dos testes, usando os chamados “pilotos”, indivíduos de grande conhecimento nas matérias, professores universitários e médicos residentes que se inscreviam como candidatos e faziam a prova no menor tempo possível. Com a solução em mãos, eles saíam das salas de exame e passavam o gabarito para outros membros da organização. Através de uma sofisticada aparelhagem eletrônica adquirida no exterior, as respostas eram repassadas aos vestibulandos pagantes, que carregavam receptores no formato de cartões de crédito e minúsculos pontos eletrônicos no ouvido. Foi nesse momento que os policiais agiram. Eles seguiram os “pilotos” e esperaram os primeiros resultados serem transmitidos para, então, efetuar as prisões em flagrante. Além dos 22 candidatos, 12 quadrilheiros foram presos. Os primeiros poderão responder por fraude em certame de interesse público, e os demais também por formação de quadrilha e falsidade ideológica. Os pais dos vestibulandos, jovens sem renda para arcar com custo tão alto, também serão investigados.




De acordo com o delegado Botelho, a gangue do vestibular de medicina era chefiada por dois homens em localidades distintas do País: Carlos Roberto Leite Lobo, de Guarujá (SP), e Áureo Moura Ferreira, de Teófilo Otoni (MG). O primeiro, um cirurgião dentista, operava há 20 anos na fraude. Era visto como homem de sucesso e possuía casa em condomínio fechado na cidade do litoral paulista, próxima à de jogadores famosos, como Neymar. O segundo, de apenas 26 anos, possuía uma empresa de fachada do ramo da promoção de eventos. Na verdade, viajava à China e a Dubai para adquirir os transmissores para o esquema criminoso. Dirigia carros esportivos de luxo, como Porsche, morava numa mansão em bairro nobre e frequentava noitadas onde chegava a gastar R$ 4 mil numa saída. Confessou que, somente nas fraudes recentes nos vestibulares de medicina, embolsaria R$ 3 milhões livres de despesas. Na casa de seu pai, foram apreendidas quatro armas. Preso, ele tentou pagar a fiança com notas falsas. O pai deverá ser acusado de falsificação de moeda pela Justiça Federal e os líderes por lavagem de dinheiro e pelos outros crimes.

As prisões ocorreram durante o vestibular da Faculdade de Ciências Médicas de Minas, mas durante as investigações a polícia detectou a presença do esquema nos testes de ingresso da Universidade de Brasília (DF), de uma faculdade em Fortaleza (CE) e no Enem. No último caso, o suspeito é um estagiário do Ministério Público em Montes Claros (MG), estudante de direito que teve acesso à prova antecipadamente. O grupo escolheu uma cidade no interior de Mato Grosso para resolver e distribuir os gabaritos. Acredita-se que 15 a 20 estudantes tenham sido beneficiados.



Fraudes em vestibulares são comuns no Brasil (leia quadro). No ano passado, a operação Hemostase I, que serviu como ponto de partida para a polícia mineira chegar à quadrilha atual, prendeu outra organização que atuava em diversas cidades de Minas Gerais e Rio de Janeiro, além do Enem. No caso do exame nacional, a documentação foi encaminhada para a Polícia Federal e há 20 dias foram indiciadas 17 pessoas pelo crime. A quadrilha presa agora terá destino semelhante. A polícia mineira investigará casos do Estado, e a parte relativa ao Enem será encaminhada à PF e ao Ministério Público Federal para prosseguimento das investigações. Em nota, o Inep, órgão federal que organiza o Enem, afirmou que solicitou informações à PF e que qualquer pessoa que tenha usado métodos ilegais será eliminada da prova.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

VERBAS PARA CARIDADE QUE FORAM PARA O BOLSO

TV GLOBO, FANTASTICO 23/11/2014 23h35

Bicheiros são acusados de desviar verba de instituições de caridade. Acusados de comandar o desvio do dinheiro, os irmãos Paschoal e o presidente do Instituto Ativa foram presos em operação da PF, há 10 dias.





Muita gente já deve ter visto anúncios, propagandas de títulos de capitalização vendidos em nove estados. Quem participa do sorteio concorre a um monte de prêmios, como carros e casas.

Uma parte da arrecadação deve, por lei, ser destinada a instituições de caridade. Só que a Polícia Federal descobriu que milhões de reais estão sendo desviados, e não chegam a quem mais precisa.

Dona Graça trabalha muito. De manhã até a noite.

“A gente recolhe material descartável em lojas, em hotel, restaurante, clínicas, hospitais”, explica Graça Cordeiro, presidente do Lar da Esperança.

E o dinheiro que recebe com a reciclagem não fica para ela, não. Há 25 anos, Dona Graça criou o Lar da Esperança, uma instituição de caridade em Teresina, Piauí. Ela cuida de 150 pessoas pobres que têm o vírus da aids.

Dona Graça: A gente sempre teve muita dificuldade. Falta aqui. Falta acolá. É consertar alguma coisa. Fazer outros reparos.
Fantástico: A gente vai acompanhar o dia da senhora hoje, hein?
Dona Graça: Está bom.

Mas será que o Lar da Esperança poderia ajudar mais gente? A Polícia Federal diz que sim. E não só essa entidade, várias outras!

O problema é que milhões de reais, que elas deveriam receber, estariam sendo desviados.

Fantástico: O que a senhora faria com esse dinheiro?
Dona Graça: Ah, eu ia investir aqui dentro. Eu ia terminar de fazer essa construção.

Os investigadores descobriram um escândalo: que quem está tirando dinheiro das instituições é um grupo de empresários, que vende títulos de capitalização. Esses títulos eram vendidos em nove estados e davam direito a participar de sorteios.

Os títulos eram vendidos geralmente na rua mesmo, por R$ 5 cada um.

A dona Graça, do Lar da Esperança, de Teresina, apostava na sorte: comprou mais de cem dessas cartelas.

Dona Graça: Quem sabe a gente leva um prêmio, que já ia servir.
Fantástico: A senhora ia investir tudo aqui?
Dona Graça: Com certeza porque aqui está precisando de muita coisa.

Esses títulos só podem vendidos se a metade do dinheiro arrecadado com a venda for para uma instituição de caridade.

No caso dos títulos suspeitos, os empresários escolheram o Instituto Ativa Brasil, de Belo Horizonte. Nas ruas, os vendedores confirmam:

Vendedora: Doado para o Instituto Ativa Brasil.
Fantástico: É instituição de caridade?
Vendedora: É.

Interessante é que eles reforçam que o dinheiro vai para uma instituição de caridade. É sempre assim.

Na TV, o mesmo discurso.

Comercial de TV: Você concorre a prêmios e cede os direitos de resgate ao Instituto Ativa Brasil. ‘Bahia dá sorte’, custa pouco sonhar.

A Polícia Federal afirma: a Ativa Brasil, na verdade, fazia parte da fraude. O instituto tinha que distribuir o dinheiro do título para pelo menos outras 26 entidades, em nove estados. Até mandava um pouco, para não chamar a atenção. Mas de acordo com as investigações, a maior parte do dinheiro era desviada.

“Fizeram todo esse esquema para que o dinheiro, na verdade, nem chegue ao destinatário final de forma completa, mas sim muito minguado”, ressalta Marcello Diniz Cordeiro, delegado da PF.

O Lar da Esperança, do Piauí, é uma das entidades que recebiam um pouquinho de dinheiro do Instituto Ativa.

A Dona Graça, que também comprava as cartelas, lembra que a ajuda para a instituição dela começou há três anos.

“Eles perguntaram se a gente tinha dificuldade. A gente falou que a nossa dificuldade eram as faturas de energia. Aí, eles pagaram todas as atrasadas”, diz Graça Cordeiro.

Em três anos, o Lar da Esperança recebeu R$ 72 mil do tal Instituto Ativa. R$ 2 mil por mês. Mas as investigações mostram que o repasse correto deveria ser 25 vezes maior. Ao todo, R$ 1,8 milhão.

Fantástico: É muito dinheiro?
Dona Graça: Eu não sei o que é isso. Eu não sei. Sinceramente eu não tenho ideia do que é R$ 1 milhão.
Fantástico: O que a senhora faria com esse dinheiro?
Dona Graça: Eu ia terminar de fazer essa construção. Arrumar essas portas, o forro, o telhado.

A única ambulância que existia para transportar os pacientes não tem maca, não tem banco. O assoalho todo enferrujado, com buraco. Os vidros estão quebrados. E a sirene, destruída. E mesmo que a gente tentasse entrar para dirigir o veículo, não tem como. A porta está emperrada, não abre.

Se recebesse o dinheiro certinho da ativa, Dona Graça também iria reformar a ambulância.

“Não fiz só sepultamento mas fui buscar gente no interior, levei gente pro hospital, para maternidade. Fez muita coisa boa. Medalha de honra ao mérito para essa ambulância”, afirma Graça Cordeiro.

A Polícia Federal fez as contas. Em um ano, cerca de 200 milhões de bilhetes do sorteio foram vendidos em nove estados. Sabe quanto dá isso? Cerca de R$ 1 bilhão.

R$ 500 milhões, a metade da arrecadação, deveriam ser repassados para as entidades assistenciais.

A Polícia Federal identificou todos os envolvidos na fraude: o presidente da Ativa e quatro empresários: os irmãos Hermes, Cláudio, Júlio e Gustavo Paschoal. Eles são os donos da empresa que vendia os títulos de capitalização.

A família Paschoal construiu um império em Pernambuco, formado por empresas, apartamentos em áreas nobres, e carros de luxo.

Segundo a polícia, eles também estão envolvidos com o jogo do bicho e máquinas caça-níqueis, na capital e no interior de Pernambuco.

Em 2012, os irmãos foram condenados a 3 anos de cadeia. Ganharam o direito de recorrer em liberdade.

No Recife, o Fantástico foi a três pontos de venda do título de capitalização. Em todos, também dava para fazer uma fezinha no bicho.

“A única atividade exercida por eles hoje é a distribuição de títulos de capitalização, através do Pernambuco dá sorte, que é o nome de fantasia da empresa”, destaca Ademar Rigueira, advogado dos irmãos Paschoal.

Acusados de comandar o desvio do dinheiro, os Paschoal e o presidente do Instituto Ativa foram presos em uma operação da Polícia Federal, há 10 dias. R$ 350 mil em dinheiro vivo foram apreendidos. O advogado dos irmãos Paschoal nega a fraude.

“Essas pessoas não se apropriaram desse dinheiro nem deram outra destinação. A destinação foi as entidades que se beneficiaram com a filantropia do grupo ativa”, afirma Ademar Rigueira.

Segundo a polícia, o dinheiro que deveria ser doado para as instituições voltava para os irmãos Paschoal, seguia o seguinte esquema: os títulos eram vendidos e parte da arrecadação repassada para a Ativa Brasil.

O instituto pagava uma outra empresa para fazer a propaganda dos sorteios e gastava, com isso, quase todo o dinheiro que recebia.

O detalhe é que essa empresa de publicidade também pertence aos irmãos Paschoal.

“Não há nenhuma irregularidade nisso. E em nenhum momento, o grupo tentou que isso não fosse mostrado aos órgãos reguladores. Tudo estava demonstrado contabilmente e nos documentos apresentados”, explica o advogado dos irmãos Paschoal.

Para quem investiga o caso, nada justifica tanto gasto com publicidade e tão pouco dinheiro para as instituições de caridade.

“Se você tem uma previsão de despesa de divulgação, seria algo que iria interferir mas não alterar substancialmente o valor destinado as entidades. É muito dinheiro que está deixando de ir para as entidades e sendo gasto com divulgação”, afirma Cristiano Machado, analista da Superintendência de Seguros Privados.

“Eu ia melhorar a casa. Eu ia fazer esses quartos que estão precisando, quem sabe abrigar idosos”, diz Graça Cordeiro.

Além do Lar da Esperança, da Dona Graça, o Fantástico foi a outras entidades que deveriam receber o repasse dos títulos de capitalização.

Na Bahia, a Associação Obras Sociais Irmã Dulce, uma das mais importantes e conhecidas do Brasil, ganhava R$ 5 mil por mês da ativa. Segundo a Polícia Federal, deveria receber R$ 125 mil mensais.

Em Pernambuco, uma creche comunitária, que fica numa área carente do Recife, ganhava R$ 3 mil por mês. O certo seriam R$ 75 mil, diz a investigação.

Recentemente, como faltou dinheiro para pagar as professoras, 20 vagas tiveram que ser cortadas.

Na Paraíba, a Ativa também mandava R$ 3 mil por mês para a Apae, de Campina Grande. Para a Polícia Federal, nem perto do valor correto: R$ 75 mil.

Gabrielle tem 12 anos. Duas vezes por semana, ela e a mãe saem de Junco do Seridó, onde moram, e vão até Campina Grande, para fazer tratamento na Apae.

“Na Apae? É uma maravilha o tratamento. Ela não falava muito. Ela não falava nada. Hoje, ela está bem melhor”, lembra Marizete dos Santos, mãe de Gabrielle.

Gabrielle viaja 100 quilômetros em um micro-ônibus da prefeitura, que também leva doentes para hospitais. Contando ida e volta, são cinco horas na estrada. Para conseguir atender 400 pessoas, a Apae de Campina Grande gasta R$ 65 mil por mês.

Ou seja, se a ativa pagasse os R$ 75 mil, sobraria dinheiro e daria para atender mais pacientes.

“A gente teria um número muito maior. A gente tem um serviço como a fonoaudiologia que tem mais de 200 usuários esperando uma vaga”, afirma Waléria Queiroz, diretora da Apae.

O presidente da Ativa saiu da cadeia quinta-feira passada e vai responder em liberdade.

Em nota, o instituto disse que "não há irregularidades em relação ao repasse financeiro às entidades filantrópicas" e que "toda a movimentação está registrada nos livros contábeis, que se encontram à disposição das autoridades”.

Agora, a venda dos títulos de capitalização da família Paschoal foi proibida. A Justiça também bloqueou R$ 100 milhões que estavam em contas bancárias.

“É aquele pensamento de sempre querer ganhar mais, muito mais. Porque se ele fizesse tudo correto, ele iria ter a parte dele, como todo empresário honesto tem, e todos sairiam ganhando, inclusive os institutos de filantropia”, destaca Marcello Diniz Cordeiro, delegado da PF.

Dona Graça, aquela senhora que passa o dia recolhendo papelão para pagar as despesas da instituição que cuida de pessoas com aids, já decidiu o que fazer, caso receba o dinheiro que foi desviado. Ela quer ajudar mais gente ainda.

Fantástico: A senhora nem queria tudo para senhora?
Dona Graça: Que tal a gente ratear entre mais entidades? Tem muita gente boa, honesta, trabalhando. Nós temos muitos abrigos que estão precisando. Então seria uma coisa de se fazer um rateio entre todas.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

GOLPE NO PRONAF TIROU A VIDA E A ESPERANÇA DE PEQUENOS AGRICULTORES

ZERO HORA 11/11/2014 | 05h05

Suspeita de suicídios. Agricultores lesados por golpe no Pronaf relatam tragédias familiares

Depoimentos de produtores sustentam hipótese de que parentes se mataram após descobrir dívidas que teriam sido feitas ilegalmente em seu nome. Em alguns casos, além dos débitos, outros motivos podem ter contribuído para decisão

por Humberto Trezzi


Reneu Roesch mostra fotos da mulher que, pressionada pelas cobranças, decidiu pôr fim à vida Foto: Ronaldo Bernardi / Agencia RBS


Fraude pode matar? A Polícia Federal (PF) desconfia que sim. Isso porque alguns agricultores vítimas de desvio de recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), endividados em decorrência do prejuízo sofrido, cometeram suicídio.

Durante três dias, ZH percorreu municípios do Vale do Rio Pardo, onde vivem 6,3 mil plantadores de fumo que financiaram recursos no total de R$ 79 milhões. Algumas pessoas, desesperadas, teriam decidido se matar quando descobriram estar com débitos que juravam não ter contraído. É provável que tenham optado pela morte não apenas por esse motivo, algumas eram deprimidas, outras tinham problemas de alcoolismo.


Uma das que deram fim à vida, em maio de 2013, é Selíria Roesch, 46 anos, que morava num morro em Linha Chaves, no distrito de Monte Alverne, município de Santa Cruz do Sul. Ela sofria de depressão e piorou, segundo familiares e amigos, quando descobriu que o marido, Reneu, 56 anos, não conseguia saldar um débito de R$ 20 mil relativo ao Pronaf.

– Uma dívida irreal, inexistente – assegura Reneu.

A operação que endividou a família foi feita por meio da Associação Santa-Cruzense dos Agricultores Camponeses (Aspac), entidade ligada ao Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e apontada pela PF como líder do esquema fraudulento.

Conforme inquérito, a Aspac intermediava contratos dos filiados com o Banco do Brasil (BB), para obter financiamentos do Pronaf. O dinheiro liberado, em alguns casos, parava nas contas da própria associação, e parte seria repassada a contas particulares de dirigentes da entidade – sem que os agricultores soubessem.

Reneu afirma ter financiado R$ 5 mil para custeio do plantio de milho, enquanto Selíria financiou quantia inferior a essa. Um dia foram ao BB e descobriram que tinham débito de R$ 20 mil, referente a empréstimos que não teriam pedido. Reclamaram ao próprio banco e foram até o MPA fazer o mesmo.

– Dissemos que não estava certo, nos mostraram a nossa assinatura numa autorização de débito. Neguei conhecer os contratos. Minha mulher discutiu três vezes. Na terceira, a Selíria voltou para casa chorando e, 14 dias depois, se matou – fala Reneu, que só dorme com tranquilizantes.

Ireno dos Santos, 44 anos, se matou em janeiro de 2011. Ele morava no cume de um morro em Linha Almeida, interior de Sinimbu, no qual só é possível chegar a cavalo, de moto ou a pé, em meio a uma densa mata nativa. Plantava fumo numa pequena área de seis hectares. Nem telefone tinha. Só foi encontrado três meses depois da morte.

“Vivia com duas mudas de roupa”




Após suicídio do irmão, Vítor dos Santos descobriu que morto tinha dívidas em 11 financiamentos (Foto Ronaldo Bernardi)

Aos irmãos Sérgio e Vítor, Ireno se queixava de estar sempre sem dinheiro. Dizia não dever tudo que lhe imputavam. Após a morte do irmão, Vítor decidiu averiguar. Pediu extrato dos débitos ao BB, negado. Mas o inquérito da PF revela quanto Ireno movimentou do Pronaf: R$ 36 mil, relativos a 11 operações intermediadas por representantes do MPA, entre julho de 2009 e setembro de 2010. A maior parte, dívidas.
O problema, alegam os familiares, é que os dados desses financiamentos não seriam verdadeiros. Consta ali, por exemplo, dinheiro para compra de dois zebus, duas vacas jersey e seis outros bovinos.

– Ireno nunca teve gado, nem financiou a compra de animais. Vivia com duas mudas de roupa. Nem dinheiro para pagar multa da moto tinha, como financiaria um estábulo? – questiona Vítor, que encaminhou os papéis a um advogado, convencido de que o irmão não sabia dos empréstimos feitos em seu nome.

No inquérito, a PF listou os 134 suicídios ocorridos entre 2010 e 2013 em nove cidades do Vale do Rio Pardo e verificou que pelo menos 10 dos mortos estavam envolvidos em transações financeiras com a Aspac. Durante a apuração, ZH conseguiu informações sobre cinco dos mortos, entre eles Selíria e Ireno, cujas famílias vinculam o suicídio à suposta fraude.

Nos outros três casos, a reportagem encontrou, além de dívidas, outros motivos que podem ter levado à morte: um câncer em estágio avançado, problema com bebidas e depressão provocada por um débito verdadeiro.

Investigação em várias frentes

Além da PF, duas outras instituições abriram investigações sobre o golpe do Pronaf no Vale do Rio Pardo. O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) decidiu impedir a Aspac de realizar o cadastro dos agricultores. O MDA fará auditoria nas Declarações de Aptidão do Pronaf emitidas pela Aspac nos últimos anos.

A associação também não poderá mais atuar como intermediária entre os produtores e os bancos para tomada dos empréstimos, já que também foi descredenciada pelo Banco do Brasil (BB). As medidas foram tomadas após uma equipe de fiscais entrevistar agricultores de Santa Cruz e Sinimbu que se dizem lesados na fraude.

Olinto Dutra, de Alto Paredão, deu queixa na PF contra a Aspac. Admite que assinou financiamento de R$ 5 mil em 2012, mas diz que demorou vários meses para ver o dinheiro e teria recebido apenas parte, em várias parcelas.

Loreni Golarte, também de Alto Paredão e dona de 3,7 hectares de terra, fez quatro débitos via Pronaf em 2009, nos valores de R$ 9 mil, R$ 4,7 mil, R$ 4,9 mil e R$ 2 mil. Ela diz ter sido informada pela Aspac que, para quitar os empréstimos, bastava assinar outros papéis para “rolar” a dívida. Constatou, porém, que em 2012 ainda devia o dinheiro. Pior: seu nome foi parar na Serasa como devedora.

O BB também realiza auditoria. Investiga empréstimos autorizados por sete funcionários: quatro gerentes e subgerentes de Santa Cruz do Sul e três servidores da agência de Sinimbu. Todos são suspeitos de gestão temerária em operações de risco e de não fiscalizarem devidamente os contratos do Pronaf firmados na região.

No Congresso, foi aprovada a realização de audiência para tratar do assunto. A ideia é convidar representantes do Ministério Público Federal, da PF e do MDA, além do vereador de Santa Cruz do Sul Wilson Rabuske (PT), apontado no inquérito como suspeito de envolvimento no esquema.

A PF aponta que parte do dinheiro dos financiamentos teria sido usada para pagar contas de campanha de políticos simpatizantes do MPA. O deputado Elvino Bohn Gass (PT) chegou a ser citado, mas a falta de provas contra ele e o vazamento da operação na mídia fizeram com que o Supremo Tribunal Federal desistisse da apuração a respeito do parlamentar.

Fraude pode ter afetado esperança, diz psicóloga

Perda de dinheiro, de confiança no outro, de esperança no futuro. Esses são sentimentos que podem ter se abatido sobre as pessoas atingidas pelas fraudes no Pronaf. E que podem ter levado algumas a dar fim à própria vida.

A interpretação é de Rosângela Werlang, doutora em Psicologia Social, professora na Faculdade de Integração do Ensino Superior do Cone Sul (Fisul) e especialista em suicídios nas áreas rurais do RS.

– Uma dívida impagável que a pessoa pensa não ter contraído abala certezas. Existe ainda a vergonha: Como fui deixar isso acontecer? Isso corrói a confiança em si e no outro. E, nesse quadro, vem a antecipação do futuro, por meio do suicídio, que é a total desesperança – diz Rosângela.

A especialista não descarta que os agricultores já tivessem sofrimento psíquico, mas avalia que os fatores externos podem ter influenciado na decisão.

– Tudo indica que, com dívidas e sem dinheiro, lesadas, usadas e não visualizando um futuro adequado, essas pessoas optaram pela morte – afirma Rosângela.

Essa questão deve ser tratada, na opinião dela, de forma coletiva, para evitar que os agricultores se sintam sozinhos. Devem se unir para que a dor seja menor e que a autodestruição seja substituída pela superação.

“Decidi viver”, afirma produtor



Devedor de um financiamento de R$ 14 mil, Paulo César Back constatou ter mais dois débitos que não reconhece (Foto Ronaldo Bernardi)

Alto Paredão, distrito de Santa Cruz do Sul, justifica o nome. É uma área rochosa, escarpada, recortada por trilhas de difícil acesso. Fala-se ali mais o Hunsrückisch (dialeto alemão) que o português. É também o epicentro da maioria dos casos relacionados à fraude do Pronaf.

Morador do distrito, Paulo César Back parcelou R$ 14 mil de Pronaf em 10 anos, em prestações de R$ 1,4 mil. Fez isso mediante contrato com o Banco do Brasil, intermediado pela Aspac. Pagou a primeira parcela e descobriu, em 2012, que tem mais dois débitos de R$ 4,7 mil, cada, que afirma jamais ter contratado. Foi parar na Serasa.
Não tem como custear advogado: conta apenas uma junta de bois para trabalhar a terra. À família, chegou a dizer que iria se matar.

– Agora estou mais calmo. Decidi viver, enfrentar. Quero é Justiça – conclui.

CONTRAPONTO

O que diz Wilson Rabuske, coordenador do MPA em Santa Cruz do Sul e investigado pela PF - Nega a existência da fraude e assegura que os produtores receberam cada centavo do que financiaram. O dirigente afirma acreditar que o assunto tenha vindo à tona por “motivações políticas”, já que o tema vazou às vésperas do primeiro turno. Veja o que Rabuske diz sobre os temas levantados pela PF.

A relação do MPA e da Aspac com o Pronaf - Diz que as entidades ajudavam os agricultores, fazendo o contato entre eles e o Banco do Brasil. Avalizava a aptidão dos associados em contrair empréstimos.

– A Aspac até adiantava financiamentos e cobrava depois.

Dinheiro nas contas da Aspac
- Admite que, em alguns casos, o dinheiro dos empréstimos era transferido para uma conta da Aspac. Diz que isso era autorizado por agricultores que ainda não tinham nota fiscal de produtor rural, vital para prestar contas de financiamentos. O dinheiro teria sido devolvido integralmente aos agricultores, embora muitos neguem.

Descontos feitos pela Aspac nos empréstimos - Reconhece que o MPA cobrava taxas, em média de R$ 150, para intermediar os financiamentos, “um procedimento regular, como uma contribuição associativa”.

Dinheiro da Aspac nas contas de Rabuske - Admite que algumas vezes usou suas contas bancárias e da mulher para receber dinheiro das contas da Aspac, para ressarcimento de despesas que ele teve com agricultores ou até porque o seu limite bancário era maior que o da Aspac. Diz não lembrar se informou isso à Receita. A PF considera as operações irregulares.

Sobre os suicídios - Cita vários casos de suicídio e diz que o Pronaf dessas pessoas foi pago, está tudo correto.

– Talvez esses que se mataram estivessem muito endividados com fumageiras. Talvez o Pronaf e o MPA até tenham ajudado eles quando precisaram. É irresponsabilidade vincular as mortes às dívidas.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

DESVIO MILIONÁRIO NA CAIXA FEDERAL



ZH 06 de novembro de 2014 | N° 17975

Fraude contra Caixa resulta em prejuízo de R$ 22 milhões no RS. Operação da PF cumpriu mandados de busca e apreensão na Capital e em mais quatro cidades



Uma fraude milionária contra a Caixa apurada pela Polícia Federal (PF) no Estado envolvia o gerente de uma agência (não foi divulgado o nome), um correspondente bancário e cerca de 70 empresas de ramos como construção, transporte e comércio.

O inquérito que apura prejuízo de R$ 22 milhões à instituição deu origem à Operação Rolagem, deflagrada na manhã de ontem. Os policiais federais cumpriram nove mandados de busca e apreensão e 13 de condução coercitiva (apenas para prestar depoimento) na Capital, em Canoas, Estância Velha e Novo Hamburgo.

– Quem trouxe a notícia da possível ocorrência de crime foi a Caixa. Ao analisar algumas operações de crédito, a instituição detectou suspeita de fraude em uma agência específica. A Caixa fez uma apuração interna e rapidamente procurou a Polícia Federal – informou o superintendente da PF no Rio Grande do Sul, Sandro Caron.

A investigação teve início em fevereiro e apurou fatos entre julho de 2012 e novembro de 2013.

O esquema era operado por um correspondente bancário, que não era funcionário da Caixa, e pelo então gerente, que já foi demitido.







Empréstimos chegavam a até R$ 300 mil



O valor dos empréstimos concedidos oscilava entre R$ 200 mil e R$ 300 mil. Os suspeitos, conforme a PF, tomavam cuidado para que a concessão ficasse apenas no âmbito da agência, e não da superintendência. No inquérito, consta que empresas do mesmo grupo trocavam duplicatas para antecipar os empréstimos – eram documentos simulados, não havia prestação de serviço entre as firmas.

Os policiais federais buscam detectar qual a participação de cada pessoa na fraude, quais empresas são forjadas e quem não sabia que tinha o nome usado. Os envolvidos podem responder por formação de quadrilha, estelionato, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta.

Na manhã de ontem, foram apreendidos três veículos, joias, R$ 12 mil em dinheiro, documentos, cartões de crédito e cheques.

A PF pediu a prisão temporária de quatro pessoas – entre elas, o ex-gerente –, mas o pedido não foi acatado pela Justiça.



COMO ERA O ESQUEMA

1. Uma organização criminosa utilizava o nome de aproximadamente 70 empresas para abrir contas em uma agência de Porto Alegre (não foi divulgado o bairro) com documentação forjada.

2. Na sequência, eram contraídas operações de crédito em nome dessas firmas.

3. Obtidos os empréstimos, eram efetuadas transferências para pessoas físicas e jurídicas inadimplentes, o que se denomina rolagem da dívida.

4. As movimentações nas contas abertas na agência por essas empresas se referiam apenas às transferências dos empréstimos.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

FRAUDE NA ABERTURA DE CONTAS NA CEF



ZH 05/11/2014 | 08h47


Operação Rolagem. Polícia Federal investiga fraude de R$ 22 milhões contra a Caixa
Corporação identificou que criminosos utilizaram o nome de cerca de 70 empresas para abertura de contas



A Polícia Federal investiga uma fraude cujo prejuízo à Caixa Econômica Federal superou R$ 22 milhões — é a maior apuração da PF relacionada a esse tipo de crime envolvendo a instituição no Rio Grande do Sul. Na manhã desta quarta-feira, a corporação deflagrou a Operação Rolagem, com o cumprimento de nove mandados de busca e apreensão e 13 de condução coercitiva (quando o suspeito é levado à delegacia para prestar depoimento) em Porto Alegre, Canoas, Estância Velha e Novo Hamburgo.

A apuração da PF se iniciou em fevereiro: a Caixa encaminhou informações, após instauração de procedimento para averiguar a conduta de funcionários, já que havia grande número de operações de crédito supostamente fraudulentas contratadas por empresas junto a determinadas unidades da instituição, o que gerou elevada inadimplência. Os policiais federais abriram inquérito para apurar fraudes contra o banco, crime contra o sistema financeiro nacional e lavagem de dinheiro.


De acordo com a PF, a organização criminosa utilizou o nome de cerca de 70 empresas para abertura de contas, seguida da contratação de empréstimos com uso de documentação falsa. O esquema teria sido viabilizado com a participação do gerente de uma agência, já afastado. A fraude, segundo a investigação, também contou com um Correspondente Caixa e terceiros, que se apresentavam como procuradores, intermediários ou consultores de empresas de fachada.

Essas empresas tomaram crédito em elevados montantes e efetuavam saques de valores significativos ou remetiam os recursos para contas de pessoas físicas ou de outras empresas inadimplentes, culminando com o encerramento da conta com saldo negativo. Também foi verificado que os grupos envolvidos utilizaram duplicatas simuladas com especificações semelhantes para desconto e obtenção antecipada de crédito, mesmo sem apresentar características de atividade comercial típica.

A PF informa que foram colhidos fortes indícios de que o gerente afastado e o correspondente bancário credenciado à época teriam sido favorecidos com o esquema e que estariam ocultando bens, registrando-os em nome de terceiros ou familiares. Por isso, foram determinadas judicialmente medidas constritivas de arresto e sequestro de bens imóveis e veículos.

*Zero Hora

sábado, 25 de outubro de 2014

JUSTIÇA CONDENA MAURÍCIO DAL AGNOL A INDENIZAR SUAS CLIENTES



ZH 25 de outubro de 2014 | N° 17963


ADVOGADO DECISÃO EM PASSO FUNDO



Suspeito de lesar 30 mil pessoas, o advogado Maurício Dal Agnol foi condenado a pagar a duas clientes os valores que recebeu quando as defendeu em ações contra a Brasil Telecom. As autoras – uma costureira e uma aposentada por invalidez em Passo Fundo – deveriam ter recebido R$ 1,5 milhão, mas o réu repassou a elas pouco mais de R$ 66 mil. Ele também terá de pagar R$ 20 mil a cada uma por danos morais.

A sentença é do juiz Sebastião Francisco da Rosa Marinho, da 4ª Vara Cível da Comarca de Passo Fundo, no norte do Estado. A condenação é resultado de ação independente das clientes e não faz parte do processo originado por investigação da Polícia Federal de Passo Fundo, que tramita na 3ª Vara Criminal do Fórum da cidade. Conforme o inquérito, Dal Agnol é suspeito de dar um golpe em 30 mil clientes e lucrar R$ 100 milhões com fraudes em ações contra a antiga CRT.

Em recibos, o réu fez constar que entregou os valores para as clientes. O magistrado reconheceu que o pagamento às credoras não ocorreu como deveria. O advogado – cujo registro profissional está suspenso pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – criou uma petição falsa, que usou para prestar contas às autoras com valores muito inferiores.

A falsificação foi comprovada por extratos das contas do Banrisul, onde constam os alvarás originais dos valores que as mulheres deveriam ter recebido. O documento falso que o advogado entregou às autoras frisava que “o cliente está ciente de que não existem valores pendentes, em virtude de Embargos de Devedor”.

Em sua sentença, o juiz escreveu que “o réu abusou, ao receber soma em dinheiro e não fazer a respectiva entrega às titulares, apropriando-se dela e ainda fazendo com que assinassem declaração, onde estavam cientes de que nada mais tinham a receber.”

O magistrado determinou que Dal Agnol pague às autoras os valores que recebeu em nome delas por meio de alvará judicial, em um total R$ 1.588.764,91, com correção de juros a partir do momento em que o dinheiro foi sacado, além da ordem de pagamento por danos morais, levando em conta o tempo que elas ficaram sem poder usufruir do dinheiro e sua condição financeira. Cabe recurso da decisão.

RÉU ESTÁ PRESO EM PASSO FUNDO

Dal Agnol está preso preventivamente desde o dia 22 de setembro, por uma acusação do Ministério Público de ter falsificado um alvará de acordo judicial, no qual a empresa telefônica BRT repassa R$ 5 milhões a um grupo de clientes dele. No momento da prisão, agentes da polícia federal encontraram uma mochila com dinheiro na Land Rover em que ele estava. Ele está no Presídio Regional de Passo Fundo.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

FAMOSOS MORTOS RECENTEMENTE SÃO VÍTIMAS DE FRAUDADORES

TV GLOBO, FANTASTICO Edição do dia 19/10/2014


Marcos Matsunaga, esquartejado pela mulher em 2012, é o morto mais visado pelos criminosos. Eduardo Campos também virou alvo.




O Fantástico alerta: golpistas podem estar usando o seu nome e o seu CPF para fazer compras, abrir empresas, como se fosse você. E aí é uma dor de cabeça danada para provar que você não tem nada a ver com a história. Até gente famosa - que morreu recentemente - virou vítima dos fraudadores.

Golpistas estão se passando por Sérgio de Almeida Campos: “Tomei um susto, óbvio. Você tem o seu nome atrelado a um crime”, diz o empresário.

Há três anos, Sérgio perdeu os documentos, inclusive o CPF. Logo, a dor de cabeça começou. Criminosos começaram a fazer compras usando os dados pessoais dele. Hoje, as dívidas somam mais de R$ 30 mil. Só com advogado, ele já gastou mais R$ 18 mil.

“As intimações que eu recebo, elas vêm com o meu CPF e o meu nome. Mas o RG, a minha profissão, as informações são todas diferentes”, conta.

A audácia dos bandidos é tanta que eles chegaram a alugar uma casa e colocar o empresário como fiador. Claro que foram embora da casa e não pagaram aluguel nenhum. “Você fica bravo. Fica inconformado com esse tipo de coisa. E aí tem que correr atrás toda vez para resolver”, ressalta.

Este ano, na hora de declarar o Imposto de Renda, a maior surpresa de todas. “Vi que a pessoa fez a declaração usando meu CPF, usando meu nome”, revela Sergio de Almeida Campos.

Os golpistas já tinham feito o Imposto de Renda para ele.

E olha a ousadia dos bandidos: eles acompanham o noticiário e quando acontece algum acidente ou crime de repercussão, eles agem.

A Policial Federal Joana Batalha foi uma das vítimas da queda do avião da GOL, em 2006, no norte de Mato Grosso. A morte dela tinha completado quase um ano quando a mãe recebeu uma cobrança: Joana teria feito um crediário em uma loja de roupas e ninguém pagou a conta.

“Para nós, para a família, fica esse sentimento de absoluta impotência e incredibilidade mesmo”, conta Maria de Fátima Batalha, mãe de Joana.

Os golpistas ainda tentaram usar o nome e o CPF de Joana pelo menos outras 15 vezes. “Muito difícil de acreditar”, diz Maria de Fátima.

O empresário Marcos Matsunaga, esquartejado pela mulher em 2012, é o morto mais visado pelos criminosos. Foram 73 tentativas de fraude usando o nome dele, em 10 estados e no Distrito Federal, e que aconteceram em menos de dois anos e meio depois do crime.

A informação faz parte de uma pesquisa inédita feita nos seis primeiros meses do ano pela Serasa Experian. Antes de realizar uma venda, comerciantes consultam a Serasa para saber se a pessoa está com o nome sujo na praça.

Geralmente gente rica, famosa, costuma pagar as contas em dia e conseguir crédito mais fácil. É o que atrai os golpistas, que falsificam os documentos para se passar por outra pessoa.

Eduardo Campos, o candidato a presidente da República, que morreu há apenas dois meses na queda do jatinho em que viajava, também virou alvo. Usando o CPF e o nome dele, criminosos tentaram fazer pelo menos 20 compras em seis estados e no Distrito Federal.

Uma dica simples poderia reduzir as fraudes contra os mortos. “Mesmo em um processo dolorido, assim que possível ir na Receita Federal e fazer o cancelamento daquele CPF”, explica Marcelo Keligiae, presidente da Unidade de Combate a Frauda da Serasa.

Mas como os golpistas conseguem informações que deveriam ser sigilosas? Segundo a Serasa, é preciso ficar atento principalmente a telefonemas e e-mails que dizem ser de bancos, operadoras de celulares e lojas e pedem para você confirmar nome e CPF.

“Muitas vezes esses e-mails são para promoções, concursos, e não são idôneos. Ele pode até abrir uma empresa em seu nome. E você às vezes vai descobrir isso muitos anos depois”, destaca Marcelo Keligiae.

A pesquisa da Serasa tem uma informação importante sobre o perfil mais comum das vítimas do golpe do CPF. A maioria não é super-rica e não morreu. O principal alvo dos fraudadores são homens entre 25 e 59 anos, que ganham entre um e cinco salários mínimos.

“A gente não pode deixar de falar que, muito provavelmente, eles tomam pouco cuidado com os seus documentos. Deve proteger seu CPF da mesma forma como protege um cartão de crédito ou uma conta corrente”, afirma Keligiae.

Um outro dado da Serasa mostra a dimensão do golpe do CPF, contra vivos e contra mortos: em setembro, a cada 14,7 segundos ocorreu uma tentativa de fraude no Brasil. “Eu sou refém do golpista que usa o meu CPF. Se ele não for pego, ele vai continuar fazendo. Então, provavelmente, eu vou continuar tendo problemas assim”, completa Sergio de Almeida Campos.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

FAMILIARES DE PACIENTES SÃO VÍTIMAS DE TENTATIVA DE EXTORSÃO


Do G1 Norte Fluminense 09/10/2014 13h24

Familiares de pacientes são vítimas de tentativa de extorsão em Campos, RJ. Golpistas ligavam para vítimas e diziam ser do Hospital Ferreira Machado. Eles pediam dinheiro para manter atendimento de pacientes da UTI.



Hospital Ferreira Machado, em Campos
(Foto: Reprodução / Inter TV)

Vários familiares de pacientes do Hospital Ferreira Machado, em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, foram vítimas de uma tentativa de extorsão. A direção da maior unidade de emergência do interior do estado percebeu a situação e nenhuma vítima chegou a ter prejuízo financeiro. Os golpistas estariam cobrando de pacientes e parentes de pacientes uma taxa, em nome do hospital público, para manter o atendimento e fazer exames.

Há duas semanas, a mãe de uma das vítimas, que não quis se identificar, está internada em estado grave no hospital e uma falsa assistente social ligou para a família. Por telefone, a mulher avisou que iam desligar os aparelhos da mãe dela, porque tinham outras pessoas para usar.

O alvo da quadrilha são os pacientes da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no maior hospital público do interior do estado. Atualmente, 45 pessoas estão na UTI do hospital. Falsos funcionários pedem o depósito de R$ 1.500 para o pagamento de exames. Para chegar às famílias, os golpistas usaram informações confidenciais do próprio hospital.

Segundo José Manoel Moreira, presidente da Fundação Municipal de Saúde de Campos, os golpistas ligaram para o hospital e se passaram por funcionários da Central de Regulação do Estado. Os funcionários do hospital então passaram todas as informações dos pacientes que foram pedidas, porque era prática comum. Ele disse ainda que o hospital não faz nenhuma cobrança.

A tentativa de extorsão foi descoberta quando uma das vítimas desconfiou da história e procurou a direção do hospital. A partir daí, outras denúncias foram surgindo. Ninguém chegou a fazer o depósito. Esse mesmo golpe já teria sido aplicado nos estados de Santa Catarina e São Paulo.

Algumas vítimas procuraram a polícia nesta quarta-feira (8) e ainda nesta quinta (9), os advogados do hospital vão fazer o mesmo. Ainda de acordo com o presidente da Fundação Municipal de Saúde, o processo de repasse de informações de paciente vai continuar sendo feito pelo telefone. O que vai mudar são os critérios, que vão ser mais rigorosos e agora vão exigir identificação completa de quem tiver ligando.



NOVA FRAUDE EM PRECATÓRIOS NO RS



ZH 09 de outubro de 2014 | N° 17947

HUMBERTO TREZZI


DINHEIRO DESVIADO. MP investiga nova fraude em precatórios. MANDADOS DE BUSCA E APREENSÃO foram cumpridos ontem na Capital. Em um escritório, promotores encontraram processo sumido do TJ em 2003



Documentos falsificados, outros desaparecidos e fraude no pagamento de débitos do governo foram constatados ontem pela Promotoria de Justiça Especializada Criminal de Porto Alegre ao deflagrar a Operação Precatórios II. Durante o cumprimento de seis mandados de busca e apreensão, promotores encontraram, em um escritório de advocacia na Capital, um processo de pagamento de precatório que estava desaparecido do Tribunal de Justiça (TJ) desde 2003. Também foi localizada uma lista de pessoas com direito a receber dinheiro do governo, gerada pelo TJ e que não poderia ter sido retirada da instituição. Foram apreendidos documentos, celulares e computadores. A suspeita do Ministério Público é de que a fraude tenha movimentado em torno de R$ 8,7 milhões.

LUCRO DOS ENVOLVIDOS PASSARIA DE R$ 1 MILHÃO

Seis pessoas são investigadas, entre advogados e empresários. Eles teriam praticado a fraude divididos em dois núcleos: um que trabalharia com informações privilegiadas (que deveriam estar restritas ao TJ) e outro em uma suposta falsificação de documentos. Seis processos de pagamento de precatórios no TJ foram identificados como fraudados nesta segunda fase da operação. A primeira etapa ocorreu em fevereiro, quando foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão.

As investigações, coordenadas pelo promotor de Justiça Ricardo Herbstrith, apontam que a fraude teria ocorrido entre 2007 e 2011. Uma das falsificações investigadas pode ter prejudicado um delegado aposentado da Polícia Civil, que teria direito a receber em torno de R$ 4 milhões. O lucro dos estelionatários superaria R$ 1,1 milhão, que teriam sido pulverizados em 43 cheques beneficiando diversas pessoas que se utilizariam de intermediários para abertura de contas com documentos falsos. Em residências de suspeitos, cujos nomes não foram revelados, foram apreendidos R$ 30 mil em dinheiro, duas espingardas e um revólver.


DETALHES DO ESQUEMA
O COMEÇO
-Em 25 de fevereiro de 2014, a Promotoria Especializada Criminal de Porto Alegre deflagrou a Operação Precatórios I. Foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão em escritórios, residências e tabelionatos de Porto Alegre. Como consequência, chegaram ao Ministério Público novas denúncias de vítimas do mesmo golpe, porém executado por outros criminosos.
O QUE SÃO
-Os precatórios são formalizações de requisições de pagamento de quantia superior ao equivalente a 40 salários mínimos nacionais (R$ 28.960), cuja origem são decisões judiciais nas quais o Estado figura na condição de réu e devedor. Hoje, o Rio Grande do Sul tem uma dívida de R$ 7,1 bilhões com precatórios.
COMO FUNCIONAVA A FRAUDE
-Um primeiro núcleo, representado por seis denunciados, negociaria a venda fraudulenta de precatórios. As investigações apontaram que esse núcleo arregimentaria pessoas para comparecerem a cartórios com o intuito de formalizar procurações falsas. Dessa forma, tornavam-se os responsáveis pelos créditos. As empresas vítimas adquiriam e utilizavam o crédito para suspender processos de execução de dívidas.
-Já o segundo núcleo da fraude estaria ligado a uma funcionária do setor de precatórios do Tribunal de Justiça (já exonerada), que cobrava para entregar informações cobertas pelo sigilo funcional, em especial em relação aos credores de precatórios. O grupo também seria responsável pela falsificação de documentos e assinaturas.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

GOLPE MILIONÁRIO EM MAIS DE 30 MIL CLIENTES

G1 FANTÁSTICO Edição do dia 28/09/2014

Acusado de aplicar golpe milionário em mais de 30 mil clientes é preso . Advogado é acusado de ter lucrado mais de R$ 100 milhões ilegalmente. Maurício Dal Agnol tem jato, apartamentos luxuosos e milhões na conta.

Avião particular, apartamentos luxuosos e milhões de reais na conta corrente. Conheça a vida de marajá de um advogado acusado de aplicar um golpe milionário em mais de 30 mil clientes. Ele foi preso esta semana, no Rio Grande do Sul.

Um jato particular para oito pessoas. O preço desse luxo: mais de R$ 20 milhões. O dono do avião é um advogado de 40 anos, preso segunda-feira (22), em Passo Fundo, Rio Grande do Sul. Maurício Dal Agnol é acusado de dar um golpe em pelo menos 30 mil clientes dele e ter lucrado mais de R$ 100 milhões ilegalmente.

“Ele podia ter ficado rico sem ter lesado ninguém. O problema é que ele, como se diz no jargão popular, cresceu o olho”, diz Marcelo Silveira Pires, promotor de Justiça.

Em um telefonema, o advogado diz para a mulher Márcia que está querendo comprar um apartamento nos Estados Unidos.

Maurício: Estou olhando aqui apartamentos em Nova York. Quatro quartos, três banheiros.
Márcia: Uh, lá lá.

Como esse advogado do interior gaúcho conseguiu tanto dinheiro? Para entender a fraude, é preciso voltar no tempo: anos 80 e 90. Nessa época, ter uma linha de telefone fixo era caro e pouca gente tinha.

No Rio Grande do Sul, a CRT, Companhia Riograndense de Telecomunicações, era a empresa do governo gaúcho que vendia as linhas. Ao comprar o telefone, a pessoa, além de adquirir a linha, também se tornava acionista da empresa. Ou seja: virava sócio, dono de um lote de ações.

Em 1996, a CRT foi privatizada, vendida para uma empresa particular de telefonia. O preço das ações disparou. Os donos de linhas telefônicas da antiga CRT não receberam nada e entraram na Justiça para exigir indenização, já que eram acionistas. É aí que o advogado Maurício Dal Agnol entra na história.

Segundo a Polícia Federal, ele ia atrás dos clientes e entrava com os pedidos de indenização. Mas quando pegava o dinheiro, não repassava o combinado. A maior parte ia para o bolso dele. Quem se sentiu lesado trocou de advogado.

"Representamos clientes que teriam que ter recebido R$ 4 milhões, e receberam R$ 13 mil", diz Itamar Marcelo Prates, advogado de vítimas do golpe.

Em fevereiro deste ano, policiais conseguiram um mandado de busca e encontraram um quarto secreto na casa de Maurício Dal Agnol. Além de armas e de R$ 1,5 milhão em dinheiro vivo, havia muitos documentos falsificados na residência.

De acordo com as investigações, era esta papelada que o advogado costumava apresentar aos clientes, para enganá-los.

Fantástico: O que foi dito para o senhor?
Zilmar Barella: Que não tinha mais nada a receber. Que tinha terminado por ali e "olha aqui está o seu dinheirinho".

Há 4 anos, dona Vera recebeu de Maurício Dal Agnol R$ 73 mil de indenização. “Fiquei. Nossa Senhora. Era um milagre ter recebido essa quantia”, diz Vera Nalderer, aposentada.

Só que ela deveria ter recebido o dobro: quase R$ 150 mil. “Na época, eu podia ter comprado um apartamento. E que apartamento, há quatro, cinco anos atrás”, lamenta Vera Nalderer.

As investigações revelaram que Maurício Dal Agnol é proprietário de 950 imóveis. Um deles é um haras em Passo Fundo que tem na entrada as iniciais do nome do advogado: MD.

“Muitos cavalos vinham do exterior, da Holanda, de mais de R$ 1 milhão e ele fazia comércio também de cavalo”, conta Mário Luiz Vieira, delegado da Polícia Federal.

O advogado tinha um gosto especial por animais empalhados, todos comprados no exterior. Uma pata de elefante custou, segundo a Polícia Federal, US$ 30 mil. Esse valor, de cerca de R$ 70 mil, não chega nem perto, de acordo com as investigações, de outras extravagâncias e mordomias bancadas com o dinheiro dos outros.

Foi em janeiro de 2013 que Maurício Dal Agnol disse para Márcia, a mulher dele, que ia comprar um apartamento em Nova York. Ela quis saber de onde sairia o dinheiro e perguntou se era da conta da filha do casal.

Márcia: Vai tirar da poupança dela?
Maurício: US$ 2 milhões.
Márcia: Sério? Uh, lá lá.

Seis meses depois, Maurício Dal Agnol realmente comprou o apartamento em Nova York, perto do Central Park. O valor foi de US$ 5,8 milhões, cerca de R$ 14 milhões. O advogado nega as acusações.

“O Maurício Dal Agnol não ficou com o dinheiro dos clientes. Esses bens, ele adquiriu com dinheiro dele. Só que esses bens não foram adquiridos à vista. Tanto o jato quanto o apartamento em Nova York, ele financiou”, afirma Eduardo Sanz, advogado de Maurício Dal Agnol.

A Justiça bloqueou os bens e o dinheiro das contas correntes de Maurício Dal Agnol, que continua preso.

E o julgamento dele? Será que demora?

“Tanto o acusado como sua esposa arrolaram mais de 200 testemunhas e isso pode comprometer o desfecho do processo em um prazo mais acelerado”, diz Orlando Faccini Neto, juiz e diretor do Fórum de Passo Fundo.

Fantástico: Foi enganada?
Vera Nalderer, aposentada: Sim. E como. A gente foi lesada, né.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

DEFESA REBATE ACUSAÇÕES FEITAS CONTRA DAL AGNOL



ZH 26 de setembro de 2014 | N° 17934



DEFENSORES DO ADVOGADO elencam supostas irregularidades sobre a prisão dele pela PF em Passo Fundo no anoitecer da última segunda-feiraAdefesa de Maurício Dal Agnol, acusado de dar um golpe milionário em clientes, divulgou ontem nota contestando as suspeitas que envolvem o advogado de Passo Fundo. O comunicado indica uma série de supostas irregularidades na investigação e “inverdades” sobre a prisão dele.

A nota alega que a investigação deveria ser feita pela Polícia Civil e não pela Federal, que ao anoitecer de segunda-feira realizou a prisão do Dal Agnoldo, em Passo Fundo.

O advogado, que teria se tornado milionário ao processar a telefônica BrT (atual Oi), tornou-se réu em uma ação que o acusa de ter traído a confiança dos clientes e ficado com a maior parte dos R$ 300 milhões obtidos em causas.

Sobre a prisão desta semana, deferida pela juíza Ana Cristina Frighetto, da 3ª Vara Criminal de Passo Fundo, a defesa diz que foi “abusiva, com uso desnecessário de armas de fogo de grosso calibre e de algemas” já que ele não apresentou resistência. Há também uma acusação contra a juíza.

Conforme os advogados, Ana Cristina foi cliente do réu e esta situação caracterizaria impedimento da magistrada em tomar decisões sobre o caso. Ao contestar a alegação de suspeição, Ana Cristina explicou que jamais foi cliente e nem teve contato com qualquer pessoa ligada ao escritório de Dal Agnol. Afirma que tinha uma linha telefônica em seu nome, no ano de 1994, mas que ela pertencia ao pai, este sim cliente do escritório.

A defesa assinada pela empresa Eduardo Sanz Advogados Associados diz que o passaporte em posse de Dal Agnol estava vencido, pois o válido está em poder da Justiça. Sendo assim, ele não pretendia fugir e a defesa iria entrar com novo pedido de habeas corpus. A nota termina ressaltando a inocência de Dal Agnol.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

GOLPE MILIONÁRIO NO RAMO DE IMÓVEIS

 

ZH 24/09/2014 | 19h01


Dono de imobiliária acusado de golpes milionários é preso em SC. Anderson de Azevedo Salomão foi capturado em Balneário Camboriú pela Polícia Federal




Agentes da Polícia Federal (PF) prenderam na tarde desta quarta-feira um empresário de Passo Fundo acusado por golpes milionários no ramo da venda de imóveis. Anderson de Azevedo Salomão foi capturado em Balneário Camboriú (SC), quando se exercitava em uma academia, e será enviado ao Presídio Regional de Passo Fundo, para cumprir prisão preventiva.

A prisão foi decretada pelo juiz Orlando Faccini Neto, titular da 2ª Vara Criminal de Passo Fundo. Conforme o inquérito da PF, corroborado por denúncia do Ministério Público Estadual, Anderson Salomão, dono de uma imobiliária prestigiada naquela cidade, firmava contratos de compra e venda com clientes desejosos de vender suas casas.

Munido de procuração deles, o empresário negociava os imóveis e já providenciava escritura aos compradores, mesmo antes de pagar os donos originais. Em algumas ocasiões, a escritura era falsificada, assegura a PF. Em outras, como na compra de uma casa no bairro Cidade Nova e de uma caminhonete Hilux, o pagamento aos antigos donos foi feita com cheques sem fundo.

Num dos casos, Salomão é acusado de comprar uma casa avaliada em R$ 5,8 milhões de um casal de idosos e jamais ter pago. Mesmo assim, entregou a residência como garantia em outro negócio, mediante documentos forjados. O cálculo do delegado Mauro Vinícius de Moraes, chefe da delegacia da PF em Passo Fundo, é que Salomão tenha feitos negócios imobiliários fraudulentos no valor de R$ 11 milhões.

Os policiais solicitaram também a indisponibilidade de três automóveis de luxo de Salomão, que teve a prisão preventiva decretada por oito estelionatos e quatro crimes de uso de documento falso. ZH não conseguiu contato com algum advogado de Salomão, para ouvir sua defesa.

SAQUES SUSPEITOS, PRISÃO E ALGEMAS


ZH 24 de setembro de 2014 | N° 17932



CARLOS WAGNER HUMBERTO TREZZI



PASSO FUNDO. Dal Agnol resgatou R$ 99 milhões de contas bancárias desde junho. Risco de fuga e preocupação com as perdas que a retirada do dinheiro representaria aos clientes do advogado motivaram Polícia Federal a pedir prisão preventiva dele na segunda-feira


O advogado Maurício Dal Agnol, recolhido desde segunda-feira ao Presídio Regional de Passo Fundo, tentaria sair do país na noite em que foi detido, segundo informação do chefe da Delegacia da Polícia Federal (PF) na cidade, delegado Mauro Vinícius Soares de Moraes:

– Recebemos a informação de que ele tinha arrumado uma mala de dinheiro e pedimos a prisão imediata, concedida pela juíza.

O pedido foi confirmado pelos promotores de Justiça Álvaro Poglia, Marcelo Pires e Júlio Ballardin.

Dal Agnol teve a prisão preventiva decretada pela juíza Ana Cristina Frighetto, da 3ª Vara Criminal de Passo Fundo, também por possuir armas de uso restrito, como fuzis e pistolas (o que é crime inafiançável). Mas a principal motivação da prisão foi o fato de ele ter retirado milhões de suas contas bancárias no Rio Grande do Sul.

PARENTES TERÃO DE EXPLICAR RETIRADAS DE DINHEIRO

Um levantamento com base em dados do Banco Central, em poder da juíza, estima que Dal Agnol, seus familiares e colaboradores próximos removeram R$ 99 milhões de 400 contas e aplicações bancárias desde junho, mês em que o advogado se apresentou à Justiça, após conseguir um habeas corpus que revogava a prisão preventiva decretada em fevereiro. Uma parente dele teria sacado R$ 1,7 milhão. Todos serão convocados a explicar por que fizeram os resgates.

– A soma desses fatos nos levou a pedir e a conseguir a preventiva – diz o promotor Marcelo Pires.

A prisão de Dal Agnol ocorreu no anoitecer de segunda, no centro de Passo Fundo, onde fica a sede do seu escritório, que tem filiais em vários Estados. Na Land Rover usada por ele no momento da detenção, estavam também um motorista e um segurança. No veículo, foi encontrada uma sacola com R$ 200 mil em dinheiro, além de R$ 133 mil em cheques de empresas, que poderiam ser descontados pelo advogado. Os policiais receberam informação de que Dal Agnol pretendia se refugiar no Uruguai, temeroso de ser preso novamente.

Com Dal Agnol também foi encontrado um passaporte vencido, mas com visto válido para entrada nos Estados Unidos (EUA). O passaporte atual, sem visto americano, ele havia entregue à PF. O delegado Moraes avalia que o advogado tentaria ingressar nos EUA.

A defesa de Dal Agnol entrou ontem com pedido de habeas corpus na 6ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJ), em Porto Alegre, colocando sob suspeição a juíza que decretou a prisão do advogado e seus atos. O habeas foi negado pela desembargadora Vanderlei Teresinha Tremeia Kubiak. Ela considerou que “fatos novos sobrevierem a justificar a necessidade da prisão”. Isto é, a prisão de Dal Agnol decretada segunda-feira se refere a dois novos processos diferentes ao que ele respondia em fevereiro.


O uso de algemas foi necessário?


Ao ser preso, Dal Agnol foi retirado do carro e algemado, com o rosto contra o chão. A cena despertou a curiosidade de muitas pessoas que passavam, ao ver o advogado sujando o terno contra o solo. Era necessário?

Uma súmula do Supremo Tribunal Federal recomenda que algemas não sejam usadas em detenções, excetuados “casos excepcionais”. Usualmente, em situação de resistência, risco de fuga ou perigo contra o próprio preso. A determinação surgiu em 2008, quando o banqueiro Daniel Dantas foi preso e algemado. Dantas acabou libertado mediante um habeas no qual argumentou ter sido humilhado pelo uso de algemas.

Era necessário usar algemas contra Dal Agnol? Afinal, ele é réu primário e não parecia oferecer resistência. Questionado, o delegado Mauro Vinícius Soares de Moraes, chefe da Delegacia da PF em Passo Fundo, diz que a decisão foi acertada. Primeiro, porque Dal Agnol costumava usar armas – e poderia estar armado. Segundo, porque estava acompanhado de um segurança armado. Terceiro, porque um outro carro, com seguranças, fazia a escolta da caminhonete dele.

– Tudo isso justifica o uso das algemas. Continuou algemado na delegacia, porque poderiam tentar libertá-lo, e a algema dificultaria essa possibilidade – explicou o delegado.



UM HOMEM SOB SUSPEITA
POR QUE DAL AGNOL FOI PRESO
-Investigação da PF aponta que ele teria firmado acordos em nome de clientes sem repassar os ganhos de causa ou, no máximo, o repasse seria de 20% do valor devido, em vez de 80%. A maioria dos processos era contra a empresa de telefonia Brasil Telecom (BrT), atual Oi.
-Foram abertos contra ele 160 inquéritos policiais, que envolvem 40 mil vítimas. Dos 160 inquéritos, cem já foram remetidos ao Ministério Público (MP).
-Dal Agnol teria aplicado o dinheiro em bens. Uma investigação do MP busca saber se é verdadeira a informação de que ele e familiares teriam adquirido 900 imóveis. Pelo menos 10 já teriam sido identificados, entre os quais, dois apartamentos milionários em Nova York.
CONTRAPONTO
O QUE DIZ A DEFESA DE DAL AGNOL
Os advogados de Dal Agnol ainda não se pronunciaram. Em entrevista a ZH no dia 14, rebateram as principais acusações contra seu cliente.
-Valores justos – Dal Agnol afirma que os valores pagos aos clientes nas causas ganhas contra a BrT são corretos. Muitos descontos no valor nominal do pagamento são feitos porque ele arcou com despesas processuais e honorários, além de contratar outros advogados em Brasília para atuar no Superior Tribunal de Justiça. Além disso, há processos com vários réus, mas eles imaginam ter ganho o valor sozinhos.
-Clientes deram procuração – A PF diz que ele não informou aos clientes que renunciaria a 50% dos valores questionados. Os advogados afirmam que os clientes deram procurações amplas para ele negociar.
-Dinheiro em conta poupança – Os advogados admitem que alguns clientes discordam dos valores recebidos. Garantem que Dal Agnol depositou os valores questionados em conta poupança.
-Cheques não entregues – Dal Agnol emitia cheques para pagar clientes vencedores da causa contra a BrT. “Se alguns não receberam, não é culpa dele”, diz um dos advogados.

domingo, 14 de setembro de 2014

ADVOGADO ACUSADO DE LESAR MILHARES DE CLIENTES VIVE NO ANONIMATO

DIÁRIO GAÚCHO 14/09/2014 | 07h01

Maurício Dal Agnol, que já foi famoso em Passo Fundo, hoje foge das câmeras


Vestido de forma impecável, Dal Agnol se apresenta duas vezes por semana à JustiçaFoto: Diogo Zanatta / Especial


Humberto Trezzi, de Passo Fundo




O advogado Maurício Dal Agnol teve o nome jogado ao descrédito, bens congelados e gasta fortunas para se defender da acusação de ser um dos maiores golpistas do Rio Grande do Sul. Mas é com cabelo milimetricamente alinhado e terno impecável que ele comparece, todas as segundas e sextas-feiras, à 3ª Vara Criminal de Passo Fundo para se apresentar à Justiça, como determina a Justiça.

Precisa provar que não tem intenção de fugir. Vai sempre com um segurança. Já foi vaiado na rua, mas suportou sem mover um músculo. Ao chegar ao fórum, mantém o hábito de apertar a mão de funcionários e perguntar "como vai?".

Age assim porque era um dos mais assíduos patrocinadores de causas jurídicas em Passo Fundo. Foi a partir dessa cidade do planalto gaúcho que ele ganhou o mundo. Fez carreira meteórica, fama e fortuna ao atuar na onda milionária de processos contra a empresa de telefonia Brasil Telecom (BrT), movida por antigos acionistas daCompanhia Riograndense de Telecomunicações (CRT), que exigiam reajuste nos valores pagos a eles pelas ações da empresa – comprada pela BrT e que deu origem à atual Oi.

Conforme o Ministério Público, o advogado teria traído a confiança dos clientes e ficado com a maior parte de R$ 300 milhões obtidos de causas contra a BRT, o que motivou pedido de prisão contra ele, em fevereiro.

Graças a um habeas corpus, Dal Agnol escapou da prisão, mas se diz perseguido e inadimplente. Tenta na Justiça obter direito a vender seus bens. O Haras MD (iniciais do dono), aberto em 2009, sediou shows e competições para até 8 mil pessoas e continua funcionando, mediante aluguel a terceiros. Festas são dadas ali, mas não pelo advogado, que raramente aparece.



O jato Phenom 300, apreendido pela Polícia Federal no dia da operação que desarticulou o suposto esquema de fraude, em 21 de fevereiro, é avaliado em cerca de US$ 12 milhões (R$ 28 milhões). Dal Agnol teria obtido financiamento em dois bancos, pagando parcelas mensais de R$ 400 mil. Com a aeronave, o advogado tinha custo mensal de manutenção, pilotos e hangar de aproximadamente R$ 50 mil. Sob guarda da Justiça, o jato precisa ser ligado semanalmente para evitar deterioração. Os pilotos foram dispensados.

Nos fins de semana, o advogado costuma ir a Curitiba, conduzido em sua caminhonete Land Rover por um motorista e escoltado por um segurança, para visitar a mulher, Márcia, e seus dois filhos pequenos. Evita aviões, por temer encontrar desafetos. Os conhecidos dizem que a mulher do advogado mergulhou em depressão após o furacão que se abateu sobre a família.

O casal se queixa da indisponibilidade do dinheiro e, com base nisso, alega não ter como pagar a fiança. A investigação da PF garante que, em 2008, passaram por suas contas R$ 69 milhões. Em 2009, foram R$ 48 milhões. Em 2010, R$ 222 milhões. E, em 2011, R$ 139 milhões. Ou seja, cerca de R$ 480 milhões em quatro anos. Os federais tentam rastrear o destino desse dinheiro.

Dal Agnol deu vários imóveis em garantia como substituição à fiança de R$ 1,6 milhão fixada pelo Tribunal de Justiça. O problema é que os bens têm de ser periciados por um avaliador. Por não concordar em custear a perícia, apresentou documento de empréstimo de R$ 2 mil para pagar o avaliador. De quebra, alegou suspeição contra a juíza, que, em processo cível, determinou o bloqueio de R$ 60 milhões de suas contas.

Em outra manobra, para tentar a prescrição (ausência de punição pela demora do processo), advogados de Dal Agnol arrolaram 215 testemunhas de defesa para ele e 200 para sua mulher – três delas em Nova York. Ouvi-las pode levar anos. Todas essas iniciativas são encaradas como escárnio pelos promotores e policiais que investigam o caso.

Fazenda em Soledade é aquisição recente do advogado

Foto: Diogo Zanatta, Especial

Parte do interior de Soledade é pobre, longe de tudo e de todos. Nas propriedades, guanxumas e macegas se espalham por campos descuidados, ponteados por escassas cabeças de gado. Mas num instante a paisagem, acinzentada pela poeira permanente do lugar, muda. O horizonte é tomado pelo verde da aveia plantada para alimentar animais de raça. E surge, no alto de uma colina, uma casa, situada em frente a um açude e a potreiros onde cavalos pastam mansamente. Ali fica uma das mais recentes aquisições de Maurício Dal Agnol, uma fazenda com 1,3 mil hectares.

A casa tem sete quartos no andar superior e 10 dependências no térreo, aí incluído um grande salão de festas. Só a residência é avaliada em R$ 1,5 milhão.

Dal Agnol adquiriu a propriedade no final de 2012 e ainda não terminou de pagar. Comprou também outras duas propriedades menores (cerca de 300 hectares cada), contíguas a essa fazenda. Estão registradas em nome dele e da mulher, Márcia. Vender imóvel para o casal era sonho de consumo para endividados produtores da região. Na época em que a primeira fazenda foi comprada, ela abrigava mais de 500 cabeças de gado.

– Desde que deu o problema com ele na Justiça, o seu Maurício nunca mais apareceu. A gente cuida de tudo – informa um dos empregados da fazenda.

A reportagem fez contato também com o antigo proprietário, um industrial. Ele admite que Dal Agnol ainda não quitou todas as prestações.

O curioso, nisso tudo, é que o advogado afirma não ter condições financeiras de arcar com processo judicial, advogado e perícia na ação movida contra ele pelo Ministério Público. Ajuizou em 28 de julho pedido, na 3ª Vara Criminal, de assistência judiciária gratuita, para que o processo "não comprometa seu sustento e de seus familiares".

Em busca de mais imóveis

Foto: Diogo Zanatta, Especial

O Laboratório de Lavagem de Dinheiro do Ministério Público Estadual e a Receita Federal investigam a informação de que Maurício Dal Agnol teria cerca de 900 imóveisem seu nome e no de terceiros.

— Não sabemos quantos são, mas falam nesse número — diz o promotor criminal Álvaro Poglia, que trabalha no caso.

Advogados também passaram a rastrear esses imóveis, movendo ações de indenização em nome de clientes que se dizem lesados pelo proprietário. Eles também miram a telefônica BrT, para reivindicar o dinheiro dos processos perdidos pela empresa e que agora já não pode ser sacado pelo bacharel, suspenso pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Uma anunciada Associação de Vítimas de Maurício Dal Agnol não vingou e, agora, cada advogado age por sua conta. Cada um busca ressarcimento por danos morais e materiais.

— Ele fez acordo com a BrT sem os clientes saberem, abrindo mão de 50% dos valores pedidos inicialmente. Ora, acordos só valem quando o cliente é informado dos detalhes — justifica Aline Moura, uma das advogadas que tenta captar para os queixosos dinheiro que o acusado teria recebido indevidamente nas causas judiciais.

Outro que acaba de ganhar uma ação de R$ 800 mil é o advogado Günther Mühlbach. Ele ressalta que de 30 mil clientes de Dal Agnol, 20 mil ainda têm ações tramitando.

A Polícia Federal recebeu centenas de informações sobre supostos bens. O delegado Mário Vieira teve dicas de pelo menos 150 imóveis que estariam em nome do bacharel ou de parentes próximos. Já foram confirmados, por exemplo, uma casa de dois andares, um prédio de escritório (foto acima) e um haras luxuoso (foto abaixo), todos em Passo Fundo. Também são dele dois apartamentos em Nova York, onde o acusado passava férias quando teve a prisão preventiva decretada, em fevereiro. Situados na 302 East 77th Street, na ilha de Manhattan, próximo ao badalado Central Park, os imóveis estão avaliados em US$ 5,8 milhões cada (o equivalente a R$ 12,7 milhões).

Dal Agnol permaneceu foragido até junho, quando obteve do Tribunal de Justiça habeas corpus suspendendo a ordem de captura. O advogado era assediado para empréstimos e para ser patrono ou investidor de tudo que é empreendimento: turfe, contribuição para conselho de segurança, fiador de dezenas de aluguéis. Agora o assédio é o contrário, de pessoas que se dizem enganadas por ele.

Foto: Diogo Zanatta, Especial

Acusado alega que pagou corretamente seus clientes

Maurício Dal Agnol montou, junto com a mulher e um grupo de colaboradores, escritórios em diversas regiões do Rio Grande do Sul e do Paraná, captando clientes para ações contra empresas telefônicas. Começou em 2003 e foi tão bem-sucedido que, temerosa de perder ações na última instância da Justiça, a BrT propôs a ele em 2010 um acordo: R$ 50 milhões de honorários e mais metade dos R$ 638 milhões reivindicados pelos clientes do advogado. Com isso, a empresa se livraria da dívida.

Investigação da PF afirma que o advogado fez acordos em nome dos clientes e não repassou a alguns deles os ganhos das causas. A outros, teria indenizado com apenas 20% do devido, em média (e não 80%, como acordado). Dal Agnol não quis dar entrevista. Deixou para seus três advogados as explicações – um deles, o juiz aposentado Antônio Arruda.

O que dizem os defensores de Dal Agnol

Valores justos

Os advogados de Dal Agnol afirmam que os valores pagos aos clientes nas causas ganhas contra a BrT são corretos. Muitos descontos no valor nominal do pagamento são feitos porque o advogado arcou com despesas processuais e honorários, além de contratar outros advogados em Brasília para atuar no STJ. Além disso, há processos com vários réus, mas eles imaginam ter ganho o valor sozinhos.

— Alguns moveram ação contra o Dal Agnol e já perderam, o valor era correto — informa um dos advogados.

Clientes deram procuração

A Polícia Federal diz que Dal Agnol não informou aos clientes que renunciaria a 50% dos valores questionados. Os advogados dele ressaltam que os clientes deram procurações amplas para Dal Agnol negociar, o que foi feito.

Dinheiro em conta poupança

Os advogados de Dal Agnol admitem que alguns clientes discordam dos valores recebidos e questionaram isso judicialmente. Eles garantem que Dal Agnol depositou os valores questionados em conta poupança, para pagar os descontentes, se for o caso.

Cheques não entregues

Dal Agnol emitia cheques para pagar clientes vencedores da causa contra a BrT. "Se alguns não receberam, não é culpa dele", diz um dos advogados. O dinheiro pode ter sido desviado por captadores de recursos da firma e isso será alegado em juízo.


ZERO HORA

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

HACKERS: UM NOVO ARSENAL DE GOLPES

REVISTA ISTO É N° Edição: 2335 Atualizado em 25.Ago.14 - 15:49


Cada vez mais sofisticados, crimes virtuais usam engenharia social e aproveitam vulnerabilidades em smartphones e até em redes de ar-condicionado


Lucas Bessel


Conforme-se: em algum momento da vida, você, sua família ou sua empresa serão vítimas de uma tentativa de golpe aplicada por um hacker. E isso provavelmente acontecerá mais de uma vez. Num mundo conectado em que os computadores são apenas uma das muitas portas de entrada para criminosos virtuais, as táticas usadas para subtrair dados confidenciais, roubar dinheiro ou espionar concorrentes são cada vez mais elaboradas (confira quadro). Na semana passada, especialistas baseados nos Estados Unidos descobriram que hackers já conseguem interceptar conteúdos aparentemente inofensivos – como vídeos de gatos no YouTube – para infectá-los e, em seguida, repassá-los à dona de casa inocente, ganhando acesso a dados confidenciais. O Google, dono do serviço de vídeos mais famoso do mundo, e a Microsoft, que também está suscetível, já foram comunicados e trabalham para corrigir as vulnerabilidades.



Os golpistas também se aproveitam de informações que todos nós, voluntariamente, publicamos na rede. A partir de dados disponíveis no Facebook, no LinkedIn e em outros sites do tipo, os criminosos fazem a chamada “engenharia social” e criam esquemas cada vez mais personalizados – e, consequentemente, mais efetivos. “O hacker envia um e-mail com uma suposta ordem de pagamento para um alvo específico na empresa, liga para o telefone dele, finge ser um sujeito de alto escalão e ordena que essa pessoa baixe o anexo infectado”, exemplifica André Carraretto, estrategista em segurança da informação da Symantec no Brasil.


CONFIÁVEL?
Larry Page, do Google: mesmo serviços consagrados,
como o YouTube, não estão livres de brechas para ataques

As táticas de extorsão da vida real também têm sido replicadas no ambiente virtual. Em junho, o FBI e outras agências de segurança se uniram para acabar com um programa malicioso chamado CryptoLocker, que sequestrava dados sigilosos e cobrava um resgate, pago eletronicamente, para liberá-los. “A indústria do crime virtual evolui como qualquer outra e também aperfeiçoa seus métodos”, diz Marcelo Bezerra, gerente de engenharia de segurança da Cisco da América Latina.

Nas grandes empresas, o trabalho de segurança hoje é focado na identificação imediata de invasões – com sistemas complexos que monitoram dados em tempo real –, uma vez que é impossível se livrar de todas as ameaças. Para o usuário doméstico, as recomendações são bem conhecidas: só acessar conteúdo de fontes conhecidas, manter sistema operacional e antivírus atualizados e ter muito critério com as informações publicadas em redes sociais.



Foto: Jeff Chiu/ AP Photo


sexta-feira, 22 de agosto de 2014

GOLPE DA CASA PRÓPRIA

DIÁRIO GAÚCHO 22/08/2014 | 07h04

Eduardo Torres

Fique atento ao golpe da casa própria. Pelo menos 20 pessoas pagaram por casas pré-fabricadas em Gravataí e não receberam nada. Polícia investiga a possível volta do golpe da casa própria



Casa inacabada em viamão é obra de empresa investigada pela Polícia CivilFoto: Divulgação / Arquivo Pessoal


Foram dois anos de trabalho juntando o dinheiro para conquistar a sonhada casa nova para a família. Mas, há dois meses, a enfermeira Helen dos Passos Espíndola, 28 anos, está morando com o filho de apenas três meses e o marido na casa da sogra, em Viamão. Ela amarga mais de R$ 17 mil de prejuízo e a sensação de que foi vítima de um golpe ao comprar uma casa pré-fabricada da empresa Constru Art, de Gravataí.

O caso chegou à polícia, que já abriu inquéritos para apurar possível estelionato em pelo menos outros 20 casos semelhantes na cidade. De acordo com o delegado Eibert Moreira, da 1ª DP de Gravataí, todos os relatos são muito parecidos. As pessoas teriam pagado para receber suas casas a pronta entrega, que nunca acontecia.

– Há indícios de crime, mas vamos investigar todas as circunstâncias de que o serviço não tenha sido cumprido por essa empresa – aponta o delegado.

Há vítimas em cidades da Região Metropolitana

A suspeita é de que tenha voltado à cidade o antigo golpe da casa própria, descoberto pela polícia em outras empresas do mesmo ramo há 13 anos. Os prejudicados dessa vez são de Gravataí, Canoas, Cachoeirinha, Viamão, Eldorado do Sul, Porto Alegre e até do Litoral.

O atrativo, em anúncios de jornais, era sempre o preço acessível – entre R$ 9 mil e R$ 35 mil, dependendo do padrão da casa _ e a agilidade na entrega. Foi pensando nisso que, em junho, Helen procurou a Constru Art, na ERS-020. Pelo contrato, a casa deveria ser construída em dois meses.

– Como tudo seria muito rápido, derrubamos a casinha velha de madeira que tínhamos no terreno, em Viamão, e até aterramos tudo para deixar o terreno plano, mas fomos enrolados – lamenta.

Depois de diversas tentativas, a enfermeira não foi nem mesmo atendida pela empresa, que há duas semanas teria fechado as portas.

Sonho de construir casa na praia

No caso da pedagoga Maria da Glória Rodrigues, 30 anos, o sonho era de construir uma casa na praia. Em abril, fechou contrato com a mesma empresa. Depois de pagar 30% do valor no momento da assinatura do contrato, ainda desembolsou outros 50% quando parte do material foi entregue no terreno, em Imbé.
Só depois constatou que era tudo fachada. Depois de uma semana, os pedreiros sumiram do local, tendo feito somente o alicerce e metade das paredes do banheiro. Era para o que dava o material entregue.
– Eu cheguei a pesquisar na internet com todo o cuidado o histórico dessa empresa e não vi nada que desabonasse eles. Só depois fui conhecendo outras vítimas _ conta.

É que a situação dela é exatamente a mesma vivida por uma família de Viamão. O último prazo para entrega da casa era o começo deste mês. E nada, exceto o prejuízo de R$ 18 mil, aconteceu.

– Dificilmente vou ter meu dinheiro de volta, mas pelo menos vamos alertar para que não façam mais vítimas – desabafa a pedagoga.

Três mudanças em dois anos

Além do grande número de pessoas prejudicadas, a polícia também vai investigar outra possível estratégia da empresa que podem caracterizar um estelionato. No intervalo de apenas dois anos, os responsáveis já teriam trocado de nome comercial e endereço três vezes.

Até 2013, a empresa funcionava na ERS-118, primeiro com o nome de Casagrande. Depois, como Constru Art. Com o mesmo nome, mudou para outro endereço, na ERS-020, Bairro Neópolis. Durante todo este tempo, uma mesma mulher, de 27 anos, se apresentava como responsável.

Em julho, no entanto, a empresa fechou as portas sem dar explicações aos clientes prejudicados. Uma nova empresa, com outro nome, abriu logo em seguida, em um endereço próximo. A polícia investiga a suspeita de que a mesma empresária esteja por trás deste estabelecimento.

Durante dois dias a reportagem do Diário tentou contato com a responsável pelos telefones anunciados pela empresa, mas não obteve sucesso.


Como funciona o golpe

Anúncios de casas em madeira, pré-moldadas, com garantia de pronta entrega e preços baixos, variando entre R$ 9 mil e R$ 35 mil, atraem os clientes.

Os compradores assinam um contrato, pagando 30% do valor no ato. É acertado que outros 50% são pagos no momento em que os materiais são entregues no local onde a casa será montada. O restante do valor seria pago no final da obra. Mas boa parte dos clientes, usando financiamento, quitam o valor no momento da contratação.

O prazo máximo estipulado pelo contrato para início das obras é de dois meses. Nos casos apurados pela polícia, nenhum prazo foi cumprido e a empresa não ressarciu os clientes.

Golpe antigo

Em 2001, dois homens foram presos por estelionato no final da investigação policial que descobriu o golpe da casa própria aplicado por duas madeireiras de Gravataí.

Na época, a polícia ouviu mais de 60 vítimas do golpe.